terça-feira, 9 de julho de 2013


Revolução de 32: Odilon Siqueira

Missa no túnel da Mantiqueira,
 foto do blog www. tudoporsaopaulo1932.blogspot.com.br
Em 1932 eu fui convocado pelo Sales Gomes, não sei qual era o cargo dele no departamento de Saúde, mas fui convocado como farmacêutico para prestar serviço inerente ao meu diploma na cidade. Nós tivemos vários problemas durante a revolução, aqui. O primeiro deles foi a saída da rapaziada, e muitos deixaram a família. Então na cidade foi feito um ponto de convergência, sob o comando  de um major, o Heitor Portugal. A sede era onde foi o Ginásio Antonio Afonso, naquele casarão que o Candongueiro  mandou derrubar. Ali, então, ficou a Delegacia Técnica comandada por esse Heitor Portugal, e também ficou a Prefeitura. O prefeito, na época, era o Francisco Antunes da Costa. Lá nós recebemos umas quatro mil pessoas: mulheres, crianças, e tivemos que arranjar alojamento para todas elas. Foram usadas fábricas, clubes, casas de família para abrigar toda essa gente. E para alimentar? Nós tínhamos duas cozinhas que funcionavam, uma  ali, na esquina, onde hoje é o prédio Mansão do Vale, que era a casa do Dr. Mendonça. Onde era o Educandário era outra cozinha. Eu e mais dois ou três rapazes; O Biroca, o Otávio Maia superintendíamos essa parte. Eu era o chefe da distribuição. Então nós tínhamos senhoras voluntárias, damas voluntárias que, com o dinheiro dado pelo estado, tinham que cuidar desse pessoal, e tudo, tudo deu certo.  Naquele tempo nós tivemos sérios problemas porque, no meio desses retirantes que tivemos que acolher, tinha muita gente boa, mas tinha também muito bandido, porque os militares, por onde iam passando, iam abrindo as cadeias e botando os presos pra frente de combate. Jacareí era um ponto estratégico por causa da ponte sobre o rio e o túnel de Guararema. Ludmila, você precisava ver o que acontecia em Jacareí nessa época. Porque as famílias, as pessoas de mais idade debandavam, saíam de suas casas sem levar nada. Fugiam pra roça como se foge de uma enchente, de um temporal enorme. Fugiam de medo dos soldados de Getúlio.
Aí, essa turma de militares carregaram tudo o que tinha aqui, quando saíram. Limparam tudo! Levaram até um vagão cheio de pneus que estava na Estação... (resumo do relato do Sr. Odilon Siqueira)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Este comentário será exibido após aprovação do proprietário.