segunda-feira, 8 de julho de 2013


Memórias dos combatentes de 32

Sexto RI de Caçapava: 1932
Na revolução de 32 eu sofri bastante. Entrei como voluntário no Batalhão Santos Dumont, em São Paulo, e dez dias depois me mandaram Cruzeiro. Fui engajado no Batalhão Bahia e no dia seguinte já nos mandaram para defender o túnel. Descarrilhamos uma máquina para o inimigo não passar para o lado de cá, e lá ficamos. No dia que aqui cheguei, às duas horas da manhã, ninguém me reconheceu. Eu estava coberto de carvão. Estava preto da cabeça aos pés.
Carlos Gomes tinha um cargo na Secretaria da Saúde, então ele me convocou por eu ser farmacêutico, e eu fiquei em Jacareí.
Jacareí sofreu muito. Primeiro a saída dos jovens. Muitos deixaram a família.
Foi criado um ponto de convergência, onde um major, o Heitor Portugal, tomava conta da sede. Onde está o Ginásio Antonio Afonso, lá ficou a delegacia técnica. Nós recebemos durante a Revolução, mais ou menos 4.000 pessoas. Alojamos as pessoas nas fábricas, clubes, casas vazias... Tínhamos duas cozinhas. Eu, o Odilon e o Otávio Maia supervisionávamos esta parte.
O major Heitor Portugal me fez responsável pala distribuição de comida.
Como eu disse, havia duas cozinhas: uma onde hoje se encontra o Edifício Mansão do Vale, era a casa do Dr. Mendonça, e a outra lá no Educandário. As senhoras da cidade se voluntariaram  no serviço. De cozinha. Os alimentos eram dados pelo Governo e doados também pelos particulares. Os retirantes eram tratados da melhor forma possível. As gestantes tinham um local próprio. Os retirantes eram os moradores das cidades localizadas nas zonas de batalha, que vinham junto com os soldados, alarmados com o que as tropas federais poderiam fazer com eles.
O major, uma vez, mandou suspender o jantar. Fui até ele e lhe disse: “Vou entregar as minhas ordens. Acredito que os adultos possam passar fome, mas as crianças precisam ser alimentadas. Normalmente são famílias acostumadas a passar bem e que não podem ficar sem o jantar. Já estão dormindo em esteiras...” Ele acabou concordando comigo e o jantar foi restabelecido. (Memórias de Ubirajara Mercadante Loureiro: Seu Biróca)

2 comentários:

  1. eliana maria santana fonsi9 de julho de 2013 às 06:47

    imagina vc que nem tinha essas memórias do meu tio......onde condseguiu???????????Muito boa pesquisa..........bjo!

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    1. Oi Li, consegui com o próprio, quando me contou suas memórias! Beijo!

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