domingo, 8 de dezembro de 2013


No tempo das diligências!



Inauguração do Tunel da Mantiqueira, com a presença da Familia Real

 1855-  Início da Construção da Companhia de Estrada de Ferro D. Pedro II
Segundo nos relata David, E.G. no texto "A ferrovia e sua história: Estrada de Ferro Central do Brasil"  o Vale do Paraíba prosperava  rapidamente graças à cultura do café, enriquecendo sobremaneira a região e os ricos fazendeiros que se tornaram barões.
 “Em vinte anos, a produção subira de meio milhão para cerca de três milhões de arrobas de café. Queluz, São José do Barreiro, Bananal, Guaratinguetá, Pindamonhangaba, e até Cunha e São Luís do Paraitinga encravados em plena Serra do Mar, cresciam em população e ficavam cada vez mais ricos.” (David E.G)
A riqueza era tão grande que vários desses barões chamavam professores europeus para ensinar seus filhos. Jacareí também era grande produtora de café e, juntamente com Pindamonhangaba, figurava entre os municípios mais ricos de São Paulo.
Era tempo de muitos escravos e opulência. Essa produção toda escoava em parte muito pequena, pelo Rio Paraíba, mas o maior movimento ia em direção ao Atlântico, descendo a encosta da serra no lombo das mulas.
“onde já serpenteava uma estrada de rodagem, revestida de lajes, que subia de Ubatuba a São Luiz do Paraitinga, centro próspero, onde se colhia muito café, e servia de primeiro acampamento aos tropeiros que demandavam o mar, lá em baixo. Ubatuba era, então, grande cidade, com o porto seguro, coalhado de navios.”(David E.G) São Sebastião, nesse período, era um porto com renda superior ao de Santos, em São Paulo. E então chegou a ferrovia, e podemos imaginar as consequências! A sua implantação fez com que as cidades pelas quais ela passava se transformassem vertiginosamente. Pequenos lugarejos tornaram-se grandes cidades. O trecho que unia Rio de Janeiro a São Paulo deslocou o embarque das sacas de café do Litoral Norte para o Rio de Janeiro.
Uma grave situação, porém, deixou inquietos e insatisfeitos os cafeicultores do Vale do Paraíba: A Estrada de Ferro D. Pedro II chegava apenas até Porto Cachoeira, atual Cachoeira Paulista, porque o Governo Imperial pretendia, apenas, que a ferrovia possibilitasse a navegação pelo rio Paraíba até Freguesia da Escada. Assim, no início da década de 1870, os ricos fazendeiros paulistas de diversas cidades valeparaibanas, entre os quais o nosso Coronel Leitão e o futuro Barão de Castro Lima, de Pindamonhangaba, reuniram-se para construir a estrada de ferro paulista. A topografia plana de nosso Vale permitiu que o trabalho de assentamento dos trilhos se fizesse rapidamente.A estrada de ferro que saíra do Rio e chegara a Cachoeira era em bitola de 1,60m, para oferecer maior segurança ao transporte. Preocupação desnecessária. Uma bitola de 1,44m, adotada universalmente, já bastaria. Mas a estrada de ferro, que partiu de São Paulo ao encontro da “D. Pedro II”, perfazendo uma distância de 231 km, não media mais do que um metro de bitola, considerada de traçado defeituoso.“É interessante citar que quando os trilhos atingiram Taubaté, em 27 de Dezembro de 1876, foi criada uma linha de diligências para levar os passageiros de Taubaté até Cachoeira, e vice-versa, para que eles pudessem completar a viagem até a Côrte ou até a Estação do Norte. Conforme os trilhos iam avançando, as diligências acompanhavam as pontas dos trilhos. É interessante citar que a ‘D. Pedro II’ depois de ter chegado em Cachoeira, queria levar seus trilhos até Lorena e depois Guaratinguetá. Isso não ocorreu, pois o Governo Paulista, já havia dado o Privilégio deste trecho a São Paulo e Rio de Janeiro. Nesta época, os passageiros das diligências necessitavam desembarcar e atravessar o Rio Paraíba do Sul de balsa de um lado a outro. Este inconveniente foi suprimido quando da chegada da Cia SP e RJ em Cachoeira, com a construção de uma ponte ferroviária sobre o Paraíba do Sul.” (David E.G, 1998
 
 




Um comentário:

  1. Intrigante a participação do Porto de Ubatuba, o que aguça a curiosidade e fustiga uma certa busca, haja vista que a inauguração, em 1792, da Calçada do Lorena, caminho utilizado por Dom Pedro naquele ido 7 de setembro de 1822 e que abrira o caminho às mulas em direção ao Porto de Santos - esta nova via era transposta somente em dois dias.
    E isso perdurou até a inauguração da São Paulo Railways em 1867.
    De qualquer forma, viajar era uma dureza e, embora não tínhamos aqui os índios e os irmãos James, que atormentavam a Wells Fargo, com certeza tínhamos outras mazelas que causavam danos também.

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