segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014


Comida Tropeira

Encontro do viajante com tropeiros (imagem Internet)
Segundo  Tom e Thereza  Maia, a comida tropeira é feita apenas pelas mãos dos homens. Na tropa não há mulheres.
“A responsabilidade pelos trens de cozinha é do madrinheiro e se compõem de: 1 caldeirão de ferro com tampa, para o feijão; 1 panela de ferro de três pés, sem tampa, para fritar o torresmo e fazer o arroz; 1 ciculateira (chocolateira) de cobre ou de folha; o coador e sua armação; as xícaras de folha, ferro batido ou canequinhas esmaltadas, a cuia de meia cabaça. Nos vãos, calçados com palha de milho, iam os pratos louçados ou esmaltados, de ágate, as colheres, canecas de estanho e mesmo as lamparinas, com torcida de algodão cru, para o querosene que era levado em garrafas. O feijão, pó de café, farinha de mandioca ou milho, carne de porco, toucinho, sal e açúcar iam no jacá ou saco de munição. Muito usado era o açúcar mascavo, conhecido como barro de telha, o Pernambuco, o mascavinho, o demerara, o mé-de-tanque , que por ser muito úmido ia pingando pelo caminho. Algumas tropas usavam açúcar cristal, e muitas, o açúcar rapadura. Outras levavam até mesmo o arroz.” (Maia Tom e Tereza em: O Folclore das tropas, tropeiros e cargueiros do Vale do Paraiba, Editora Funarte, 1980)

“Pela madrugada, iniciado o dia, o menino armava a trempa e acendia o fogo. Punha o toucinho pra fritar na panela. O caldeirão vinha do outro fogo com feijão cozido, e ficava de um lado, esperando. A ciculateira já estava ali no borralho, aquentando a água. Frito o torresmo era retirado. Repartia a gordura, punha sal com alho nela, fritava, pegava o torresmo com a colher, punha no caldeirão do feijão, amassava bem o feijão com a colher, bem amassado com farinha, punha pra esquentar. Com água já fervendo era coado o café. Essa a comida matinal dos tropeiros. Comiam-na com colher, em prato de ágate, tomando o café nas canequinhas. Enquanto comiam, era cozido no fogo o feijão sem tempero, para a próxima refeição.”  (Maia Tom e Tereza, idem)

“Café sem coador: Póe água pra fervê com açúca mascavo, demerara  ou cristar. Bota o pó ai junto. Quando subi a fervura, joga um tição de fogo dentro. O pó baixa e o café tá pronto.”  (Maia Tom e Tereza, idem)



Um comentário:

  1. Esses caras tinham é muita ideia e genialidade para dar de comer aos tropeiros que, invariavelmente, vinham mortos de fome.

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