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Será que no rio do Peixe, aquele que se despejava num poço profundo, para depois entrar no caudaloso Jaguari, havia mesmo um pilão de ouro enterrado?
Os olhos do Coronel encheram-se de cobiça! Afinal, aqueles rios, agora, corriam em suas terras, assim, tudo o que se achasse em suas águas, lhe pertencia! Assuntou daqui, assuntou dali, era muita história que corria na região, pra ser apenas uma lenda. Uns contavam que foram os escravos que trabalhavam nas minas - descobertas que lograram roubar, aos poucos, pepitas de ouro, para comprar sua liberdade e foram juntando tudo num pilão que esconderam num poço fundo no meio do rio, e depois, coitados, não o acharam mais!
Outros contavam que foi um fazendeiro muito rico que enterrou, no buracão escavado pelo encontro dos dois rios, um pilão de ouro maciço, que conseguiu fazer, fundindo todas as moedas e joias que possuía. Com medo de ser roubado, mandou seus escravos descerem ele lá pro poço do rio, onde ninguém ia ter ideia de procurar. Para manter seu segredo bem guardado, matou os escravos ali mesmo e jogou os pobres coitados, também, nas águas. Mas, castigo vem a cavalo! O homem adoeceu e morreu na miséria, sem nunca ter recuperado seu tesouro. Era o que contavam...
Nosso Coronel perdeu o sono! Dia e noite e noite e dia o pilão não lhe saía da cabeça. Começou a traçar planos de como recuperá-lo. Tinha que ser na época da seca, porque no período das chuvas, o rio subia e dobrava de tamanho! Acertados os detalhes, reuniu seus escravos e, munido de bois, cordas, ferramentas e mantimentos, partiu em busca do tal do pilão de ouro. Fosse ele qual fosse, não voltaria sem encontrá-lo. Passaram semanas buscando o tesouro, escavando valetas, mergulhando, desviando as águas...tudo em vão!
Cansado e desanimado, o Coronel, que era devoto de Nossa Senhora, caiu de joelhos sobre a terra enlameada e, com lágrimas nos olhos e mãos postas, prometeu a Virgem que, encontrado o tesouro, metade dele iria para a igreja em seu nome. A ajuda veio rápida! Mais um mergulho e o pilão foi encontrado e içado. Rangendo nas cordas puxadas pelos bois, e abrindo caminho em meio ao barro lustroso, eis que surgiu o cobiçado objeto, resplandecendo ao sol a ponto de cegar, momentaneamente, os olhos de quem o via!
Enlouquecido pela cobiça e alegria, nosso Coronel começou a pular, a dançar, a gritar e a não ver motivos para repartir sua fortuna com quem quer que fosse, muito menos com a Santa. Afinal, pra que ela iria precisar de ouro, não é mesmo? Aquele tesouro era seu, só seu!
De repente, com um estrondo fabuloso, o chão abriu-se em dois, formando um rodamoinho nas águas que tragaram tudo: o pilão, o fazendeiro, os bois... Apenas os escravos foram poupados, também, não fossem eles, e a gente nunca que saberia dessa triste história, não é mesmo?
Quanto ao pilão de ouro, ele permanece intocado, até hoje, lá no fundo da Represa do Jaguari, que tomou conta do lugar.
Alguém de vocês se aventura a procurá-lo?
E os coitados dos bois pagaram o pato.
ResponderExcluirA cobiça cega e o castigo não falha. Se prometer, cumpra!
Procurar por ele não vou - deve estar é junto ao caldeirão de ouro no fim do arco-iris. rrsss