quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014


O poço de ouro, na visão de Anibal Paiva Ferreira

 
Cachoeira do Rio do Peixe, Igaratá, SP.
Agora, vou contar para a senhora, a história do Poço de Ouro, que muitos dizem ser lenda.
Pois eu lhe digo que ele existiu numa das fazendas de meu pai, chamada São João do Rio do Peixe, no município de Santa Isabel ligado a Igaratá. A divisa da fazenda com a vila de Igaratá antiga era um ribeirão. O Rio do Peixe atravessava a fazenda e tinha a Cachoeira do Poço de Ouro. Quando meu pai comprou essa fazenda, a história já circulava por lá. Meu pai, então, resolveu explorar o poço, para descobrir o porquê dos comentários. Ele então desviou o rio e com sacos de terra e de areia foi fazendo um muro grande, com o rio baixo. Foi no tempo da seca. Ele desviou o curso do rio e parou a cachoeira que caía no poço.

Papai então contratou duas pessoas de Jacareí, um deles foi o Joaquim Abílio da Costa, e o outro, um seu amigo do qual eu não me recordo o nome. Pois bem, esses dois elementos começaram a fazer o esvaziamento do poço com encanamentos que vinham dele, na parte baixa do rio. Nesse ínterim, veio uma tempestade, pois já entrou o período das águas, que arrebentou quase todo esse muro, arrombando tudo. Apesar disso, as pedras das proximidades, que haviam sido arrebentadas com dinamite, foram enviadas por meu pai para análise no Rio de Janeiro. Meu pai tinha um sócio nessa fazenda, que era juiz de direito ausente do Rio de Janeiro, o Dr. Eurico de Barros Falcão de Lacerda Cavalcanti.
No laboratório, foi constatada a presença de ouro nessas pedras. De ouro e de outros metais, mas não sabiam se compensava fazer-se a exploração daquele ouro, pois poderia custar mais a exploração do que a quantidade de ouro que se encontraria.
Meu pai então concluiu que a origem das lendas dos poços de ouro baseava-se no fato de que, na região, havia um filão de ouro, que os habitantes chamavam de pilão. Eu também acredito que o nome seria filão de ouro, mas os caboclos, sem conhecimento, trocaram o efe pelo pê e ficou pilão.
Quando as chuvas destruíram tudo, os recursos eram poucos para se recomeçar todo esse trabalho, além de não existir uma técnica para desviar-se o rio para outro lugar. A região tinha muitos morros que dificultavam, também, imensamente esse trabalho. Assim, ficou tudo na mesma. Agora, na imaginação popular: ouro, pilão, tempestade que destruiu todo o serviço... pronto! Uma história e tanto!

5 comentários:

  1. Vai que o ouro estava justamente na terras irrigadas pelas águas desviadas - ouro verde com outro tipo de vegetação crescendo, a mata se expandindo e possivelmente provocando terras mais produtivas.

    Se for assim, lembra a história do preso que, indiretamente, disse ter enterrado a vítima no quintal do pai: a polícia foi lá e escavou todo o quintal, removendo a terra e ajudando o pai preparando a terra para o plantio.

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  2. Grande história de um grande homem, Sr Anibal um jacareiense de muito valor e que fez muito por essa cidade.

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  3. Ludmila,estou aqui novamente, para lhe pedir uma matéria sobre outro personagem que fez parte daqui de Jacareí: uns dos homens mais perigosos da região na época, Bartolomeu Fernandes Farias

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  4. A história do Bartolomeu tem a ver com a cidade onde resido atualmente: Santos.
    O Novo Milênio explica essa passagem em Uma querela salgada
    Fica a sugestão para leitura.

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  5. Podemos pensar que o ouro fosse a vegetação tão irrigada pelo desvio e que ttrouxe beneficios para a região...

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