sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014


"Revolução, só quando o povo participa"


Foto do album de família, cedida por Neta Mello)
23 de Maio de 32, Aglomeração Popular na  Praça do Patriarca  - São Paulo

Para o prof. José Luiz Pasin, a revolução Constitucionalista de 32 pode ser vista por dois ângulos: sob a ótica da participação e do sentimento popular em relação a ela e por sua colocação no quadro da historia brasileira contemporânea. No primeiro aspecto houve uma revolução de verdade, com a participação efetiva do povo, com toda a sociedade mobilizada para defender São Paulo.Nenhum setor da sociedade civil recusou-se a participar do esforço de guerra, propiciando uma organização perfeita, na produção de uniformes, fornecimento de alimentos. A tática militar também foi perfeita, mas São Paulo ficou isolado, porque Minas Gerais e Mato Grosso prometeram apoio e falharam. Sob o ponto de vista da historia brasileira contemporânea, a Revolução de 32 representa uma continuidade do processo de insatisfação popular que vinha desde 1928, passando pelo tenentismo, Coluna Prestes, a Semana da Arte Moderna de 22 "que pode ser entendida como uma tentativa vagamente ideológica de reforma das estruturas". 24, 26, e culminando na Revolução de 30, quando Getúlio Vargas assume o poder, alijando dele a oligarquia paulista que se revezava com os mineiros na chamada política do "café com leite". Washington Luiz, então presidente da República, ao invés de apoiar um mineiro para sucedê-lo, como era feito tradicionalmente, apoia outro paulista: Júlio Prestes, que se elege com grande maioria, e alegando fraude,  Getúlio Vargas dá o golpe, assumindo o poder. O regime instaurado por Getulio embasou-se em uma visão nacionalista de direita, sem chegar, no entanto, a incorporar o discurso integralista. O que deu motivo à Revolução de 32 foi a necessidade levantada pelos paulistas, do Brasil tornar a ser regido por uma Constituição, como se se vê em todos os panfletos  e literatura em geral da época. Este apoio levou o povo de São Paulo à luta armada, que, se vencida, daria oportunidade à oligarquia agrária paulista de retomar o poder e, com ele, o prestígio perdido em 30, com a subida de Getúlio ao poder. (Revista VP - Documento - 9 de julho de 1981)

Um comentário:

  1. Que essência existe na historia. Sobre constitucionalização, eu amo ler e reler, me aprofundar. Muito bom o escrito.

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