...Ao se dizer que Antônio Afonso
fundou Jacareí, se lhe atribuem uma vontade consciente de edificar uma povoação,
isto é, o desejo deliberado de construir casas, ordenar ruas e pátios, buscar
fontes de água e condições – embora primárias – de sobrevivência coletiva. Não
há registro de nenhum ato de Antônio Afonso nesse sentido. Nada edificou. Nem
mesmo se sabe se aqui esteve... No documento de 1663 que é a verdadeira
certidão de nascimento de Jacareí na condição de núcleo urbano, constam os
nomes de todos os moradores que, em grupo, tomaram as medidas indispensáveis
para a formação da vila. Se as famílias estavam assentadas na sesmaria de Antônio
Afonso e se foram os primeiros colonos que chegaram, foram eles – somente eles
– que se motivaram e aqui estabeleceram com “animus urbs”. Essa vontade é que
revela a intenção manifesta de viver gregariamente em um núcleo urbano. Que
dúvida poderá existir a este respeito? Onde estaria Antônio Afonso e seus
filhos? Teriam eles ao menos morado aqui? Igualmente faltam registros ou, pelo
menos, indícios. Os Afonsos eram, provavelmente, vicentinos e receberam também
sesmaria no litoral paulista, ao longo da praia, é o que afirma o traslado de
uma carta de data de terras pedidas por Antônio Afonso, o moço, e seu irmão
Bartolomeu Afonso. Possuíam, certamente, uma sesmaria vale paraibana, mas não
teriam necessariamente morado aqui. Isto não se trata de uma suposição
gratuita, desprovida de fundamento. No rol dos moradores que se dirigiram a
Mogi das Cruzes não se registra a presença de nenhum dos Afonsos, o que é
estranho, pois o acontecimento de relevante significado não teria omitido quanto
à inscrição dos “donos” da terra. Mais significativa, ainda, é a presença de
Antônio Afonso e seus filhos, como primeiros povoadores da ilha de Santa Catarina,
em 1666. Nenhum registro mais sobre eles”[1].
[1]Benedicto Sérgio Lencioni em Jacareí e as questões
controvertidas, pg. 27,33 e 34 da edição
de 1994 em Aparecida, SP.
Que interessante esta viagem no tempo, nas incertezas, em indícios, fontes de vontade de saber, de conhecer os primeiros caminhos de onde hoje nos assentamos.
ResponderExcluirÉ humana esta necessidade de buscar raízes, de sentir pertencente à uma história que agora você garimpou,separou, juntou. Está aí o valor de seu trabalho sensível e cuidadoso de cerzir o que o tempo esgarçou, sem tirar nem por, utilizando o próprio fio do tecido ainda palpável, repeitando suas tramas ainda evidentes em nome de um resgate para nós todos de Jacareí! bjs
Silvana, querida...Pode ter a certeza de que esta tessitura foi uma das mais prazerosas. Nossa cidade tem uma história e tanto, que não pode ficar escondida nos escaninhos da memória!
ResponderExcluirBeijos, minha linda!