quinta-feira, 31 de outubro de 2013


Ritos de passagem

Cemitério novo, em Petrópolis, foto de Pedro Hees (c.1870). Na primeira metade do século XIX, os enterros no interior dos templos foram proibidos em várias cidades brasileiras.
Com a proximidade da comemoração do Dia de Finados, posto aqui, para vocês, algumas curiosidades sobre como eram feitos os enterros no Brasil colônia, e também em Jacareí.
Reis (1991, pág.178*) afirma que havia uma divisão socioespacial que definia onde cada indivíduo deveria ser sepultado. O adro (área em volta da igreja), por ser gratuito e mais distante dos santos, era o local reservado para escravos e pessoas livres pobres. Já o corpo (parte interna da igreja) era o espaço onde eram enterrados indivíduos de mais prestígio e quanto mais importante, mais próximo do altar e, consequentemente, da salvação na vida eterna. No Brasil colonial, os sepultamentos  nas igrejas existiram até 1820, quando foram proibidos e começaram a se construir os primeiros cemitérios. Até então, somente negros e indigentes eram enterrados no chão.
Em seu artigo “A Morte no Brasil Colônia” Viviane Galvão  (JC on-line) escreve que:
"Durante toda a sua existência, o católico preparava-se para a morte deixando relatado em seu testamento as estratégias imaginadas para a salvação de sua alma.”... “As missas para os defuntos tinham o poder de abreviar o tempo passado no purgatório, trazendo grandes benefícios para a alma. Em Pernambuco, no século 18, um rico comerciante português tornou sua alma herdeira de todos seus bens; sua fortuna foi convertida em cento e vinte mil missas em intenção de sua alma.” (Galvão, V.JC on-line)

quarta-feira, 30 de outubro de 2013


Muda o leito do Rio Paraíba (2)


Foto Aérea de 1938 com curso já modificado do Rio Paraiba
“Pela leitura dos livros da Santa Casa e dos documentos que manuseamos no Arquivo do Estado, constatamos que a mudança do leito de nosso lendário rio foi feita por determinação do Presidente da Província para cortar uma grande curva que então havia entre o bairro do Cassununga e as proximidades do Matadouro Municipal. E como a Santa Casa também andou envolvida na mudança do leito do rio, vamos relatar quanto encontramos.
Em fins de 1850 ou 1851, o influente Barão de Jacareí encaminhou ao Juiz de Paz em exercício, Sr. João da Costa Gomes Leitão, o seguinte embargo:

Ilmo Sr.Juiz. Mal Supplente
Diz o barão de Jacareí, que estando presentemente o Inspetor da Estrada geral abrindo hum Furado para novo encanamento do rio Parahyba, direcção que desvia extraordinariamente o rio da povoação em reconhecido prejuízo do publico, e especialmente do supplicante, porque o seu prédio por onde passa o Parahyba perde consideravelmente de valor, como tudo se mostrará a seu tempo, vem requerer a V.Sa. Mandado de Embargo em dita obra, a fim de que esta não continue, citando-se o inspetor para a audiência deste juízo assistir aos artigos de nunciação e para todos os mais actos da cauza.
E.R.Mcê
a) Barão de Jacarehy
Despacho: Não tem lugar o que o suplente requer, visto o Inspetor da estrada Geral abrindo o dito furado por portaria do Exmo. Snr. Prezidente da Provincia e com sepção do proprietario.
Jacarehy 10 de março de 1851”
            a) Leitão. (Rodrigues, R. 1953, pág. 64).

A foto que ilustra essa matéria foi publicada originalmente na página Retratos da Cidade de Luiz José Navarro da Cruz, no Jornal Semanário de  13 de agosto de 1999

1850 – Muda o leito do rio Paraíba


Fundos da casa do Barão de Jacareí, com parte do quintal que descia até o Rio Paraíba
O Rio Paraíba mudou de leito!
Ele passava, numa acentuada curva, nos fundos da Santa Casa de Misericórdia, banhando antes o leito da Estrada de Ferro Central do Brasil no Cassununga e completando-se além da Rua 15 de Novembro, passando pelos fundos da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição.
A maior parte dos habitantes de Jacareí, que entrevistei, relatou que ouviram de seus pais a história de que o Barão de Jacareí desviara o curso do Rio Paraíba, valendo-se do trabalho de seus escravos, no período de uma noite. Por que o fizera? Cada qual chegou às suas próprias conclusões, conforme poderá ser confirmado nos depoimentos publicados. Essa história, de tão repetida, virou uma lenda que todos conhecem. O real motivo, porém, diverge desse entendimento popular.Essa verdadeira novela da transposição do leito do rio durou 26 anos e teve como protagonistas dois importantes personagens da história de Jacareí. De um lado, o Cel. João da Costa Gomes Leitão, grande cafeicultor e escravagista, considerado como um dos homens mais ricos da região do Vale do Paraíba, tendo como oponente o Barão de Jacareí. O Cel. Leitão conseguiu, através de uma portaria do presidente provincial, Vicente Pires da Mota, em 1851, permissão para alterar o curso do rio Paraíba afastando-o em 160 braças, ou seja, 404 metros de seu leito natural para o lado do bairro do São João, onde os pastos eram de sua propriedade.
O Barão de Jacareí, residia num palacete que ficava na esquina da atual rua Antonio Afonso com a Rua Lamartine, e seu quintal descia até a beira do rio. Com a mudança do leito, o palacete deixou de ser à beira-rio, fato que, no entender o Barão, desvalorizara em muito sua propriedade. Inconformado ele promoveu um embargo judicial, que, no entanto, não foi à frente. O Barão de Jacareí morreu vendo o rio correr no novo traçado. Seu palacete foi destruído por um incêndio em 1944.





terça-feira, 29 de outubro de 2013


Sabão de cinza

Eu e dona Rafaela, no quintal de sua casa em  1998, durante a entrevista
No dia em que me encontrei com dona Rafaela, ela recordou-se de como via as pessoas prepararem o sabão de cinza, e contou para mim todo o processo. Aí vai a receita para vocês.

Receita de Sabão de cinza de Dona Rafaela Mercadante

 2,5 Kg de cinza, 5 Kg de sebo, 5 litros de água, ½ Kg de soda cáustica.
Modo de preparar
"Derreta o sebo em fogo brando, até obter uma massa uniforme. Em outra lata, misture a cinza com a água e leve para fervura durante quatro horas. Desligue o fogo, deixe a cinza decantar e, a essa mesma água, acrescente o sebo. Misture bem. Junte lentamente a soda e mexa até dissolver. Distribua o produto final em forminhas e embrulhe com palha de milho seca."
O produto final é o sabão de cinza, considerado ecológico por não afetar o ambiente.Este sabão é bastante antigo, mas ainda é produzido artesanalmente em diversas regiões do Brasil. É um sabão que contém menos soda cáustica porque grande parte da necessária foi substituída pela cinza. A cinza possui uma importante propriedade que é a de branquear, purificar. Se quiser clarear tecidos rústicos, coloque-os ensaboados de molho com uma trouxinha de cinza.
No dia seguinte é só enxaguar. (Ludmila)

Sabão de cinza caseiro

segunda-feira, 28 de outubro de 2013


Jacareí Tempo e Memória

Entrevistas publicadas no Diário de Jacareí, anos atrás

Na segunda parte do livro, publico as entrevistas de todos que me ditaram suas memórias, sem editá-las, simplesmente ao sabor da conversa que se iniciava à tarde e, muitas vezes, prosseguia noite adentro e até em outros encontros.  Nela os personagens se inserem na história oficial através do testemunho de sua própria vivência e apreensão dos fatos. Às vezes, os corroboram. Outras, narram a sua variante particular, com detalhes surpreendentes, de acordo com sua visão e interpretação do mundo. Nisso está a grande força dos relatos verbais e a grande dificuldade em estabelecer versões históricas e passá-las adiante, enfocando a ótica e a compreensão de um único autor. A história tem várias faces!

A narrativa oral é muito diferente da escrita.
A escrita permite-nos idas e vindas, acertos, ajustes, intervenções póstumas, pesquisas. A narrativa oral não! Falar flui através do retorno a vivências, sentimentos, emoções. É a delicada revisão de etapas de nossa vida que já foram vencidas. No caso particular de meus entrevistados, todos septuagenários, o diálogo esbarrava também na dificuldade de trazer alguns fatos, de imediato, à memória. Tropeçava na voz trêmula, na vista frágil, no coração acelerado pelas recordações, pela saudade dos que já se foram; pelas cicatrizes muitas vezes reabertas. Apoiava-se na necessidade de momentos de silêncio e, muitas vezes, na interrupção do relato, pelas lágrimas involuntárias derramadas: deles e minhas!  Muitas histórias não foram registradas. Eu as ouvi em confiança, como confidências. Essas eu guardei só para mim: privilégio de quem escuta!

O que lhes apresento, pois, nesta segunda parte do livro, é o que de melhor e mais verdadeiro pude apurar desses encontros permeados por lembranças vivas. Muitos dos depoimentos foram publicados em jornais da região, porém, de forma editada. Seria impossível publicá-los na íntegra, por problema de espaço. Mas, aqui no livro, eles estão completos. Tenho certeza de que essa leitura irá remetê-los, cada qual à sua maneira, às suas próprias viagens por uma Jacareí que já não existe mais. Essa, exatamente, foi a intenção que me inspirou a torná-los públicos. Vamos, pois, juntos, empreender esse retorno prazeroso ao passado.
Dizem que uma pessoa sem passado, sem história, sem o conhecimento de suas raízes, é uma pessoa de presente muito pobre. Que este não seja, nunca, o nosso caso!

(Ludmila Saharovsky - trecho do livro Jacareí tempo e memória)

quinta-feira, 24 de outubro de 2013


Sabores do Passado: Tortei


Luigi Turzi e Antonia Zgarbi, foto do acervo da família, cedida por Erica Turci
Manja che ti fa bene!
Esta história começa no norte da Itália, quando Luigi Turzi e Antonia Sgarbi conseguem, em agosto de 1887,  a permissão para imigrarem para o Brasil, junto com os tres filhos nascidos em sua pátria:  Maria, com quatro anos, Mario, com dois e Anselma com nove dias. Eles desembarcam no porto de Santos e são enviados para Sorocaba, para trabalhar na lavoura. No Brasil nascem mais cinco filhos: Cesar, Virgínia, Anselmo, Rosinha e Carlos. Em Sorocaba, ficam sabendo que o governo estava distribuindo terras em Quiririm e, desta forma, mudam-se para a nossa região. A grande e querida familia dos Turci, Tursi e Turzi de Jacareí e do Vale do Paraíba são descendentes de Luigi e Antonia.
A deliciosa receita de Tortei, que segue, me foi passada pela professora Erica Turci, tataraneta do casal, que se delicia com as receitas de família.

Tortei
Massa: 1 kg de farinha de trigo, 2 ovos, água, 2 colheres de óleo.
 Amassar com as mãos até obter uma massa macia, como massa de macarrão. Deixar descansar por alguns minutos.
 Recheio: Batata doce cozida, café coado bem forte e amargo, pimenta-do- reino, sal e açúcar (só para adocicar, não para adoçar). Fazer um purê bem firme e reservar.
Modo de preparo: Abrir a massa com rolo, em tiras estreitas e compridas. Recortar em rodelas. Colocar o recheio e fazer pasteizinhos. Cozinhar os pasteizinhos em água fervente. Assim que o pastelzinho subir, retirar e colocar numa forma.
Montagem: uma camada de pastéis, regado com manteiga derretida e queijo “de ralo”. Repetir até encher a forma e... Buon appetito!

Sabores do Passado: Gelatina de pinga


Gelatina de pinga

4 pacotes de gelatina sem sabor branca (ou 3 brancas e 1 vermelha)
1 copo americano de pinga, 2 xícaras de água, 1 colher de chá de baunilha
1 kg de açúcar, anilina em pó para dar cor
         
Colocar todos os ingredientes, menos a baunilha, numa panela alta e grossa de alumínio. Mexer e levar ao fogo brando mexendo de vez em quando.
Retirar do fogo quando levantar fervura, acrescentar a baunilha e mexer. Levar ao fogo novamente por mais 15 minutos, só que dessa vez sem mexer.
Retirar do fogo e, com uma colher, retirar aquela espuminha branca que se forma. Diluir a anilina em pó na água. Colocar a anilina aos poucos até dar o tom desejado. Untar uma forma com óleo utilizando um pincel ou untar uma assadeira de 1 cm de altura com manteiga e colocar a gelatina.
Depois de dura, cortar com tesoura e polvilhar açúcar.

Sabores do Passado: Rapadura de Amendoim



Pé de moleque de rapadura com amendoim:

Moer a cana de açúcar para ter a “garapa”.
Levar a garapa a um tacho, onde ela será fervida por cerca de duas horas, até virar melado. Deve-se ir limpando o melado de toda a sujeira que fica boiando na espuma enquanto cozinha.
No ponto em que vira um melado grosso, acrescentar o amendoim limpo e torrado, que vai sendo “batido” (misturado com o auxílio de uma pá de madeira) para dar consistência. Num tabuleiro untado com manteiga, vai-se colocando essa massa doce e deixa-se secar. Depois é só saborear essa delícia..


quarta-feira, 23 de outubro de 2013


Se esta rua fosse minha....


Beco do Caranguejo ou do Marreli
Publico aqui a foto da antiga Travessa da Liberdade (hoje Rua Dona Alzira Salles de Siqueira) que ligava a Praça Conde Frontin à Rua da Liberdade, hoje João Américo da Silva. No semáforo, no final desta rua, se inicia a Rua Francisco Teodoro, onde eu moro desde 1965. Muitos dos meus entrevistados referiam-se a esse ponto como o do Beco do Caranguejo, ou o Beco do Marrelli. Na década de vinte,  ali onde por muitos anos foi o Posto de Gasolina do Verdelli, existia a Fábrica de Bebidas do Frederico Lencioni, que produzia o famoso "Guaraná Pacová". Quem se recorda?
Na verdade, as ruas e  praças de nossa Jacareí, já mudaram de nome diversas vezes. Quando eu conversava com moradores antigos, muitas vezes eles precisavam explicar-me a que rua estavam se referindo. Publico hoje minha conversa com o Sr. Antonio Lemes, o "Bodinho", onde ele foi nomeando nossos logradouros pelos nomes antigos.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013


Colégio Antonio Afonso


Prédio de 1870, onde funcionou inicialmente o Colégio Antonio Afonso

Prédio inicial do Colégio Antonio Afonso
Numa  publicação de  Luiz José Navarro da Cruz, em sua coluna Retratos da Cidade, editada em  30 de julho de  2000 no jornal  O Semanário, ficamos sabendo um pouco da história deste belíssimo casarão, em estilo colonial português, demolido em 1974 na administração do Prefeito Antonio Nunes de Moraes. Ele foi construído em 1870, pelo fazendeiro Delphino Martins de Siqueira. Tinha as paredes revestida com papel francês. O assoalho do salão principal era de madeira de lei em tons claros e escuros, formando um belo desenho. Na década de 20, o prefeito João Ferraz comprou a mansão por trinta contos de réis, com todo o mobiliário incluído, para nela instalar a Câmara e a Prefeitura,que lá permaneceram até 1938. No ano de 1935, quando foi criado o Gimnasio Municipal,  a prefeitura cedeu algumas salas para que ele fosse instalado no mesmo endereço, onde permaneceu até 1957, transferindo-se então para a Rua Barão de Jacareí (CENE). Em 1947 os profesores Dorotóveo Gaspar Vianna, Luiz de Araújo Máximo e outros fundaram a Sociedade Mantenedora de Ensino, sociedade civil sem fins lucrativos para que se conseguisse instalar o primeiro ginásio noturno e a primeira escola técnica de comércio em nossa cidade.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013


Nossa Santa Casa


1850 - Jacareí ganha seu primeiro Hospital

Em 22 de fevereiro de 1850, finalmente, iniciam-se as obras para a construção do primeiro Hospital de Misericórdia da cidade.
"Ao Dr. Joaquim Moutinho dos Santos, médico português radicado na cidade, deve-se a ideia e a campanha para a instalação de um hospital em Jacareí. É o que se verifica da leitura da acta da sessão de 17 de fevereiro de 1884, quando o irmão Martins de Siqueira, ao propor-lhe o título de “Benemérito”, declarou ‘ser Joaquim Moutinho dos Santos o creador da ideia de um hospital em Jacarehy e o seu mais acérrimo defensor e executor’. É de se registrar também ter sido ainda o Dr. Joaquim Moutinho dos Santos quem executou a planta para a construção do hospital, que foi aprovada em reunião de 3/3/1850, bem como ter sido ele o zelador das obras durante doze anos, de 1850 a 1862...” (Rodrigues, R. 1953)

quarta-feira, 16 de outubro de 2013


Grupo Escolar Coronel Carlos Porto

Foto Acervo Público Municipal de Jacareí
O Grupo Escolar Coronel Carlos Porto, conhecido como Grupão, iniciou suas atividades em 1º de outubro de 1895, por obra do deputado Carlos Frederico Moreira Porto, que lhe emprestou o nome. A escola ocupou, de início, um casarão alugado na Rua Direita, situado nos Quatro Cantos, onde, depois, instalou-se o Pastifício Irmãos Lencioni.   Em julho de 1896,  a escola transferiu-se para prédio próprio, quando o governo estadual comprou por 30 contos de réis o prédio da família Leitão. Ali, o "Grupão" funcionou durante mais de 80 anos. Hoje, o colégio funciona no antigo pátio de recreio, do casarão que abriga o nosso Museu de Antropologia do Vale do Paraíba, o MAV. Seu primeiro diretor em comissão foi o professor normalista Antonio Rodrigues Alves Pereira, que esteve à frente do estabelecimento até 25 de fevereiro de 1898, sob indicação do professor Major Olímpio Catão. Em 1908, segundo o Anuário do Ensino do Estado de São Paulo, estavam matriculados 332 alunos, dos quais 171 eram meninas e 161 meninos.
Um de seus diretores mais queridos foi, sem dúvida alguma, o Professor Mário de Moraes, que se diplomou no curso primário no Grupo Escolar Cel. Carlos Porto em 1925.
O prof. Mário formou-se como professor normalista, (estudou em Taubaté e Guaratinguetá) voltando para lecionar na escola onde iniciou seus estudos. Em 1954 ele foi nomeado como seu diretor, cargo que exerceu até 1976, por vinte e dois anos. No antigo "Grupão" de Jacareí, formaram-se várias gerações de jacareienses, inclusive, também, meus filhos. Foi um período em que o ensino público de Jacareí, distinguia-se por apresentar um alto padrão de qualidade. Época que deixou muitas saudades!

Foto dos "Quatro Cantos" com uma parte da Fabrica de Macarrão dos Irmãos Lencioni, onde, em 1895 foi instalado o Grupo Escolar Coronel Carlos Porto, que depois mudou-se para o casarão da família Leitão. 
Turma feminina de formandos do ano de  1917, foto do Acervo publico Municipal de Jacareí. Na foto aparecem o diretor Augusto Ribeiro de Carvalho e as professoras: Mercedes e clotilde Mendonça e Amaziles Ramos e Adelina Ferreira da Silva, pioneiras do ensino primário publico em nossa cidade.

Grupo Escolar Coronel Carlos Porto
Grupo escolar Coronel Carlos Porto


terça-feira, 15 de outubro de 2013


Jacareí: A nossa Athenas Paulista

Gimnasio Nogueira da Gama, foto Acervo Público Municipal de Jacareí

1893 - Fundação do Colégio Nogueira da Gama

“Criado pelo Dr. Lamartine Delamare, um homem que possuía a vocação herdada de seu pai Francisco, que fundou escolas em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, escolheu Jacareí para instalar um estabelecimento de ensino, que daria a nossa cidade a alcunha de Athenas Paulista.
O local escolhido foi uma chácara, próxima do centro da cidade, no prédio do antigo Educandário Margarida Galvão, que sucedeu ao preventório que abrigava os filhos de hansenianos, que viviam em Jacareí.
Fundado em 23 de julho de 1893, possuía em dezembro do mesmo ano 25 alunos matriculados. A partir do ano seguinte, já chegava às centenas. O Colégio Nogueira da Gama possuía gabinetes de Física, Química, História Natural, biblioteca sala de música, farmácia, duas enfermarias, amplo refeitório, jardins, além de 8 dormitórios que ficavam em prédio separado, um vasto salão de estudos denominado Caetano de Campos, além de outro, também de estudos, denominado Cesário Motta.” (Lencioni, B.S.)

domingo, 13 de outubro de 2013


Rua Alfredo Schurig

Rua Alfredo Schurig, foto Acervo Público Municipal de Jacareí
Rua Alfredo Schurig, foto Acervo Público Municipal de Jacareí 
Rua Alfredo Schurig, foto Acervo Público Municipal de Jacareí 
Rua Alfredo Schurig, foto Acervo Público Municipal de Jacareí 
Casa Roberto Martins na Rua Alfredo Schurig, foto Acervo Público
Rua Alfredo Schurig, foto Acervo Público Municipal de Jacareí 
Rua Alfredo Schurig, foto Acervo Público Municipal de Jacareí 
Rua Alfredo Schurig, foto Acervo Público Municipal de Jacareí 
A Rua Alfredo Schurig, uma das principais ruas da cidade, já foi conhecida como a Rua da Ponte, depois Rua do Rosário. Segundo nosso querido Jobanito escreveu em seu livro "Pelas Ruas da Cidade", essa rua fazia parte do trajeto da Estrada Velha São Paulo Rio, que passava pelo centro de nossa cidade, bem como no centro de todas as cidades Valeparaibanas.
Escreve Jobanito: "A Rua Alfredo Schurig já foi Rua da Ponte, porque começava na ponte o antigo traçado do rio, na esquina da hoje Capitão João José de Macedo, onde está construído o edifício Mansão do Vale. Depois do desvio do rio, aquele trecho ficou sendo o "Aterrado da Ponte".

sexta-feira, 11 de outubro de 2013


Jacareí :Praça Conde de Frontin

Praça Conde de Frontin,  foto do Acervo Público Municipal de Jacareí
Praça Conde de Frontin, foto do Acervo Público Municipal de Jacareí
Praça Conde de Frontin, foto do Acervo Público Municipal de Jacareí
Praça Conde de Frontin, foto do Acervo Público Municipal de Jacareí
Praça Conde de Frontin, foto do Acervo Público Municipal de Jacareí
Praça Conde de Frontin, foto do Acervo Público Municipal de Jacareí
Praça Conde de Frontin, foto do Acervo Publico Municipal de Jacareí 
Praça Conde de Frontim, foto do Acervo Público Municipal de Jacareí
Praça Conde de Frontin, foto do Acervo Público Municipal de Jacareí
Anteriormente conhecida com Largo do Bom Sucesso, depois Praça João Pessoa, e hoje Praça Conde de Frontin. Foi na gestão de Paulo de Frontin, ministro da Viação e Obras Públicas e diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil,( 1910 a 1914)  que o Largo do Bom Sucesso, que era um brejo, recebeu centenas e vagões de terra e pedra para "compactar" o solo alagadiço. O prefeito à época, em Jacareí, era Pompílio Mercadante, que batizou a praça com o nome do benfeitor, como forma de agradecimento.
A Igreja do Bom Sucesso, que anteriormente dava nome à Praça, originou-se de uma pequena capela, que foi erguida por ordem do cafeicultor Custódio Ferreira Braga, o Ajudante Braga. A capela destinava-se a abrigar a imagem de N.S. do Bom Sucesso, encontrada no mato, pelo próprio fazendeiro. Em 1905, Ajudante Braga (título recebido da Guarda Imperial) patrocinou a construção de uma igreja, no lugar da capela.Na segunda década do séc. XX a igreja original foi demolida e construiu-se a atual, porém sem as duas torres. estas foram levantadas em 1924, tendo trabalhado na sua construção o Sr. Pipe Garboci.
(Ludmila Saharovsky Fontes de pesquisa: Joao Baptista Denis Neto e Luiz José Navarro da Cruz)

quinta-feira, 10 de outubro de 2013


A virgem e a serpente

Ilustração feita especialmente para esta lenda por Mestre Justino
Era uma vez, há muito, muito tempo, um lugar calmo, uma vila tranquila, que era cortada por um caudaloso rio. Moravam nele muitos peixes, garças, capivaras e, contam os antigos, também muitos jacarés. Crianças brincavam em suas margens. Lavadeiras ensaboavam roupas, homens cuidavam de ceveiros, e a vida corria, devagar: Parayba era o rio. Jacarehy a vila.
Bem, até aqui, este seria um lugar igual a muitos outros espalhados por esse extenso vale, não fosse uma cobra imensa que nele morava e que às vezes, despertava. Alguns diziam que era cobra. Outros, que era um dragão! E nossa estória começa exatamente agora: Eis que acorda o bichão! E ele desperta nada discreto, e, com seu bocejo forte igual trovão, o pânico se instala: Os negros se benzem, as crianças correm, voam roupas e bacias, as mulheres gritam e a vila calma se transforma em confusão. A serpente acordou faminta e começa a devorar o que lhe aparece pela frente: roças, canoas, barrancos, animais.

Memórias de Jovita Scavone

Jovita Scavone
Todos nós temos a missão de levar algo a qualquer lugar.
A minha missão foi a de lecionar em Jacareí. Vim para aqui bem jovem e cheia de fé e esperanças.
Não era a minha vocação ser professora, mas sim artista plástica, mas meus pais escolheram: eu deveria seguir o magistério e fui uma professora que muito amou a sua profissão. Eu pensava: mais importante do que fazer o que se ama é amar o que se faz.
Fui professora de escola rural e vi de perto a miséria em que viviam meus pequeninos alunos.
Procurei ajudá-los, pois, desde aquele tempo, eu sabia que os problemas humanos tinham que ser resolvidos na criança e eu amei meus alunos, as minhas crianças, inteirando-me e cuidando da sua higiene mental e física, permitindo que elas fossem boas e felizes, sãs e alegres.

Memórias de Arlindo Scavone

Arlindo e Jovita Scavone  no centro da foto
“Eu nasci em Jacareí, na Rua Direita, hoje Antonio Afonso, em 10 de setembro de 1903.
A vida aqui era muito difícil para nós, naquele tempo. Meu pai, Batista Scavone, era barbeiro. Ele veio da Itália e, pelas conversas que eu ouvia, ele veio inicialmente para Campinas. Minha mãe nasceu em Pindamonhangaba.
As famílias eram muito respeitadas. A gente fazia muitas visitas. Você recebia uma visita hoje, daí a alguns dias você tinha por obrigação, pagar aquela visita. Eram visitas cerimoniosas. Em quase todas as casas, havia um piano e alguém que sabia tocá-lo. Então, começava a música, vinham os docinhos, era uma coisa de que eu gostava muito. Apesar de nós vivermos com dificuldades, foi a melhor época de minha vida.
À tarde, por exemplo, o hábito era que todas as famílias colocavam as cadeiras na porta e ficavam conversando. As crianças brincavam na rua, porque não havia carro, motocicleta, não havia nada. A nossa vida de crianças era essa: brincávamos de pega-pega, passa anel, botão, pião. A gente mesmo fazia uns piões de brejaúva, que cantavam no chão. A gente descascava a fruta, tirava o miolo e fazia o pião que tinha três, quatro vozes diferentes. Cada um tentava fazer o pião mais cantante do que o outro.

terça-feira, 8 de outubro de 2013


1850 – Muda o leito do rio Paraíba

Lavadeiras na beira do Rio Paraiba
O Rio Paraíba mudou de leito!
Ele passava, numa acentuada curva, nos fundos da Santa Casa de Misericórdia, banhando antes o leito da Estrada de Ferro Central do Brasil no Cassununga e completando-se além da Rua 15 de Novembro, passando pelos fundos da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição.
A maior parte dos habitantes de Jacareí, que entrevistei, relatou que ouviram de seus pais a história de que o Barão de Jacareí desviara o curso do Rio Paraíba, valendo-se do trabalho de seus escravos, no período de uma noite. Por que o fizera? Cada qual chegou às suas próprias conclusões, conforme poderá ser confirmado nos depoimentos publicados. Essa história, de tão repetida, virou uma lenda que todos conhecem. O real motivo, porém, diverge desse entendimento popular.

1861/1862- Descrição da cidade de Jacareí por Zaluar

Palacete do Barão de Santa Branca
"Entremos finalmente em Jacareí e saudemos o desenvolvimento animador desta nascente e pitoresca povoação. A quinze léguas da cidade de São Paulo, e três afastada da Vila de São José dos Campos, fica a bonita cidade de Jacareí, recostada na margem direita do Rio Paraíba.
O que mais notável salta à vista a quem passando algumas poucas ruas, entra no largo principal, é a magnífica matriz, acabada de reparar e aumentada de novo, e que, em grandeza e gosto arquitetônico, tem, depois de Pindamonhangaba, o primeiro lugar entre as do norte da província, bem como o magnífico palacete do Senhor Barão de Santa Branca, que ocupa uma das faces inteiras desta não pequena e bem edificada praça...”