quarta-feira, 30 de outubro de 2013


1850 – Muda o leito do rio Paraíba


Fundos da casa do Barão de Jacareí, com parte do quintal que descia até o Rio Paraíba
O Rio Paraíba mudou de leito!
Ele passava, numa acentuada curva, nos fundos da Santa Casa de Misericórdia, banhando antes o leito da Estrada de Ferro Central do Brasil no Cassununga e completando-se além da Rua 15 de Novembro, passando pelos fundos da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição.
A maior parte dos habitantes de Jacareí, que entrevistei, relatou que ouviram de seus pais a história de que o Barão de Jacareí desviara o curso do Rio Paraíba, valendo-se do trabalho de seus escravos, no período de uma noite. Por que o fizera? Cada qual chegou às suas próprias conclusões, conforme poderá ser confirmado nos depoimentos publicados. Essa história, de tão repetida, virou uma lenda que todos conhecem. O real motivo, porém, diverge desse entendimento popular.Essa verdadeira novela da transposição do leito do rio durou 26 anos e teve como protagonistas dois importantes personagens da história de Jacareí. De um lado, o Cel. João da Costa Gomes Leitão, grande cafeicultor e escravagista, considerado como um dos homens mais ricos da região do Vale do Paraíba, tendo como oponente o Barão de Jacareí. O Cel. Leitão conseguiu, através de uma portaria do presidente provincial, Vicente Pires da Mota, em 1851, permissão para alterar o curso do rio Paraíba afastando-o em 160 braças, ou seja, 404 metros de seu leito natural para o lado do bairro do São João, onde os pastos eram de sua propriedade.
O Barão de Jacareí, residia num palacete que ficava na esquina da atual rua Antonio Afonso com a Rua Lamartine, e seu quintal descia até a beira do rio. Com a mudança do leito, o palacete deixou de ser à beira-rio, fato que, no entender o Barão, desvalorizara em muito sua propriedade. Inconformado ele promoveu um embargo judicial, que, no entanto, não foi à frente. O Barão de Jacareí morreu vendo o rio correr no novo traçado. Seu palacete foi destruído por um incêndio em 1944.





2 comentários:

  1. Naquela época, quando um político dizia que ía fazer um furado, significava que ele iria desviar um rio e ponto final. Hoje significa que ele vai contar uma história: "um papo furado". Brincadeirinha... Texto muito bom Ludmila, nos informa bem dos fatos históricos.

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  2. Isso mostra que o famoso quem tem mais manda mais, já vem dos velhos tempos. Não é novidade alguma!

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