Fundos da casa do Barão de Jacareí, com parte do quintal que descia até o Rio Paraíba |
Ele passava, numa acentuada curva, nos fundos da Santa Casa de Misericórdia, banhando antes o leito da Estrada de Ferro Central do Brasil no Cassununga e completando-se além da Rua 15 de Novembro, passando pelos fundos da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição.
A maior parte dos habitantes de Jacareí, que entrevistei, relatou que ouviram de seus pais a história de que o Barão de Jacareí desviara o curso do Rio Paraíba, valendo-se do trabalho de seus escravos, no período de uma noite. Por que o fizera? Cada qual chegou às suas próprias conclusões, conforme poderá ser confirmado nos depoimentos publicados. Essa história, de tão repetida, virou uma lenda que todos conhecem. O real motivo, porém, diverge desse entendimento popular.Essa verdadeira novela da transposição do leito do rio durou 26 anos e teve como protagonistas dois importantes personagens da história de Jacareí. De um lado, o Cel. João da Costa Gomes Leitão, grande cafeicultor e escravagista, considerado como um dos homens mais ricos da região do Vale do Paraíba, tendo como oponente o Barão de Jacareí. O Cel. Leitão conseguiu, através de uma portaria do presidente provincial, Vicente Pires da Mota, em 1851, permissão para alterar o curso do rio Paraíba afastando-o em 160 braças, ou seja, 404 metros de seu leito natural para o lado do bairro do São João, onde os pastos eram de sua propriedade.
O Barão de Jacareí, residia num palacete que ficava na esquina da atual rua Antonio Afonso com a Rua Lamartine, e seu quintal descia até a beira do rio. Com a mudança do leito, o palacete deixou de ser à beira-rio, fato que, no entender o Barão, desvalorizara em muito sua propriedade. Inconformado ele promoveu um embargo judicial, que, no entanto, não foi à frente. O Barão de Jacareí morreu vendo o rio correr no novo traçado. Seu palacete foi destruído por um incêndio em 1944.
Naquela época, quando um político dizia que ía fazer um furado, significava que ele iria desviar um rio e ponto final. Hoje significa que ele vai contar uma história: "um papo furado". Brincadeirinha... Texto muito bom Ludmila, nos informa bem dos fatos históricos.
ResponderExcluirIsso mostra que o famoso quem tem mais manda mais, já vem dos velhos tempos. Não é novidade alguma!
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