segunda-feira, 21 de outubro de 2013


Colégio Antonio Afonso


Prédio de 1870, onde funcionou inicialmente o Colégio Antonio Afonso

Prédio inicial do Colégio Antonio Afonso
Numa  publicação de  Luiz José Navarro da Cruz, em sua coluna Retratos da Cidade, editada em  30 de julho de  2000 no jornal  O Semanário, ficamos sabendo um pouco da história deste belíssimo casarão, em estilo colonial português, demolido em 1974 na administração do Prefeito Antonio Nunes de Moraes. Ele foi construído em 1870, pelo fazendeiro Delphino Martins de Siqueira. Tinha as paredes revestida com papel francês. O assoalho do salão principal era de madeira de lei em tons claros e escuros, formando um belo desenho. Na década de 20, o prefeito João Ferraz comprou a mansão por trinta contos de réis, com todo o mobiliário incluído, para nela instalar a Câmara e a Prefeitura,que lá permaneceram até 1938. No ano de 1935, quando foi criado o Gimnasio Municipal,  a prefeitura cedeu algumas salas para que ele fosse instalado no mesmo endereço, onde permaneceu até 1957, transferindo-se então para a Rua Barão de Jacareí (CENE). Em 1947 os profesores Dorotóveo Gaspar Vianna, Luiz de Araújo Máximo e outros fundaram a Sociedade Mantenedora de Ensino, sociedade civil sem fins lucrativos para que se conseguisse instalar o primeiro ginásio noturno e a primeira escola técnica de comércio em nossa cidade.
 "Em1936, quando Hélio Navarro da Cruz era prefeito, foi criado o Ginásio de Jacareí, onde a Jovita[1] foi uma das professoras, sob a direção do Cursino. [2]Ele funcionava lá na Rua 15 de Novembro, no casarão em frente ao Carlos Porto, onde também era a prefeitura. O ginásio era a única escola de ensino secundário da cidade e era paga. Na época, tinha uma dúzia de alunos que estudavam nele de graça, mas a prefeitura não aguentou, então, em 1938 nós fundamos a Mantenedora. Fui eu, o Roberto Leal, o Professor Décio Moreira e o Paulo Martins, ali na fábrica de caixas de papelão. Para poder funcionar o ginásio, nós precisávamos de oitenta alunos, no mínimo. Olha, ninguém pode calcular a dificuldade para se conseguir os oitenta alunos em Jacareí. Conseguimos reunir o número suficiente para formar a primeira turma de estudantes apenas em 1941. Nós íamos bater de casa em casa para conseguir alunos, mas o pessoal não tinha posses para pagar o ginásio e nós não tínhamos renda para bancar a escola. Depois fundamos a Escola Normal, mas com muita dificuldade também. E a Escola de Comércio, que o Roberto[3]foi buscar apoio para conseguir trazer para Jacareí, lá no Rio de Janeiro. Nessa época, o prefeito era o Odilon, e ele se empenhou muito para que essas escolas se mantivessem. Em 1948, nós criamos também o Conservatório Musical de Jacareí. Sua primeira diretora foi a professora Isulina, depois o Verano Câmara, grande músico que Jacareí teve." (Memórias do Sr. Arlindo Scavone, publicadas na livro Jacareí Tempo e Memória)


[1] Jovita Rodrigues Scavoni, esposa de Arlindo Scavoni. N. do A.
[2]Professor José Benedito Cursino, primeiro diretor do Ginásio Municipal de Jacareí. N. do A.
[3]Roberto Lopes Leal, então secretário da Sociedade Mantenedora, que foi ao Rio de Janeiro conseguir apoio com o Professor Arthur Gaspar Viana, que conseguiu implantar a Escola de Comércio em Jacareí em 1944. N. do A. 

7 comentários:

  1. Um detalhe: a partir de 1957, na rua Barão de Jacareí, não falamos mais do Colégio Antonio Afonso.
    Passamos a falar do antigo CENE (Colégio e Escola Normal Estadual) que, em 1962, recebe o nome do "Bilé" (para os íntimos): Dr. Francisco Gomes da Silva Prado.
    Depois, de CENE passou para Instituto de Educação (lembro que havia um IE bordado nos bolsos das camisas do uniforme).
    Eu estudei no Silva Prado e tocava na Fanfarra lá.
    Foi o primeiro colégio em que minha mãe - Laís da Silva Fontes Freire - foi Diretora.
    Saudades desse tempo.

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  2. Obrigada, Carlos, por seus comentários sempre tão bem vindos! Lembro-me muito de sua mãe, D. Lais Freire. Quando vim para Jacareí, em 65, lembro-me que ela era diretora do CENE. Até que ano ela ficou lá? Grande abraço!

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    1. 1864 – É lido ofício do Governo Provincial nomeando o Alferes João da Costa Gomes Leitão no cargo de Delegado de Polícia e nomeia o Dr. Hypólito de Oliveira Ramos e Fabiano Martins de Siqueira e também nomeou o no cargo de 4º suplente dói mesmo e nomeou Delfino Martins de Siqueira para substituir o primeiro nomeado por ser incompatível com a Câmara e o 2º com a Coletoria.

      OU SEJA, Delfino (a escrita correta) era apenas um subordinado do coronel Gomes Leitão.

      Fonte: Semanário 15 de fevereiro de 2012, coluna Benedicto S Lencioni

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    2. Boa noite! Comentários Anônimos não serão mantidos neste blog. Pessoas que desejarem emitir opiniões, precisarão identificar-se.
      É um requisito básico para se estabelecer um diálogo. Obrigada!

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  4. V Produções Boa noite!
    Conforme eu publiquei no início da postagem sobre o prédio do Colégio Antonio Afonso, reitero que as informações nela contidas também foram retiradas de uma coluna do jornal Semanário, assinada por Luiz José Navarro da Cruz, no ano de 2000.
    Luiz José é um jacareiense que passou grande parte de sua vida lendo, pesquisando e convivendo com antigos moradores de Jacareí e também coletando fotos e dados que permitiram salvaguardar uma boa parte da história de nossa cidade. Neste mesmo artigo, Luiz José escreve: "Importante citar também o fato que um filho do Sr. Delphino (com esta grafia) Joaquim Miguel Martins de Siqueira foi cursar a Faculdade de Direito em São Paulo, onde formou-se em 1883, retornando à nossa cidade, para aqui dar provas cabais de sua capacidade. Foi empresário, assim fundando a Cia Luz Elétrica Jacareyense, que nos deu a primeira iluminação pública, inaugurada em 1895, com a presença de Bernardino de Campos, "presidente" de nosso Estado. Foi delegado, prefeito e em 1917 foi eleito senador pelo Estado de São Paulo." Assim sendo, O sr. Delphino Martins de Siqueira, foi, no mínimo, pai de um ilustre jacareiense. Se foi ele quem construiu o solar, ou se foi apenas um "subordinado" do Cel. Leitão, que importância histórica tem o fato? O que realmente se lamenta deste episódio é a destruição de um importante monumento de nossa cidade, numa total falta de respeito não apenas pela memória arquitetônica de Jacareí, mas também pela memória emocional de tantos jacareienses que ali estudaram e passaram uma parte significativa de suas vidas.

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  5. Acho que alguns fatos são importantes sim até mesmo pela existência desse prédio histórico. Eu acredito muito na teoria de que Coronel "Leitão" ajudou no crescimento de nossa cidade, de nossa história. Enquanto muita gente apenas acredita que ele era apenas uma pessoa má so pelo fato de ser um escravocrata.

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