Artilharia da FEB na Itália em treinamento. 1944/1945 foto escaneada do livro Cincoenta Anos depois da volta de Octávio Costa |
24 de novembro de
1944:
atacávamos o Monte Castelo*,depois de atingir o objetivo, fomos obrigados a
retroceder às posições anteriores em virtude do forte ataque alemão.
* “O
primeiro desses ataques envolvia o complexo Belvedere-Castelo e se deu a partir
do dia 24 de novembro de 1944, sob a responsabilidade da Força-Tarefa 45, do
Exército Americano, com a participação de dois batalhões brasileiros a ela
agregados. Foram três dias de insucessos e pesadas baixas, quando o poderoso
contra-ataque germânico obrigou as tropas aliadas a recuar ao ponto de origem.O
general Crittenberguer, decidiu, então pelo deslocamento da FEB mais para o
oeste, de maneira que a tomada do Monte Castelo passou, a partir daquele
momento, a ser responsabilidade da nossa força expedicionária, com o apoio da
aviação e de tanques americanos.” (Os pracinhas na
guerra, A cobra fumou na Itália, capítulo
11)
12 de dezembro de
1944:
lançamos outro ataque a Monte Castelo*, desta vez por outras unidades, sem
êxito. O nosso batalhão não chegou a ser empenhado, pois estávamos em 2º
Escalão.
*“No segundo ataque ao Monte Castelo, que começou na manhã
de 28 de novembro, tudo conspirou contra os brasileiros. Na noite passada, as
tropas americanas foram rechaçadas do Monte Belvedere, ao lado, deixando aquele
flanco a descoberto, em poder dos alemães, o que tornava mais arriscada a
aventuraO avanço malsucedido deixou um triste resultado: 34 mortos e 133
feridos. A operação toda fora planejada pelo tenente-coronel Castelo Branco, ao
qual foram debitados os resultados.” (Os
pracinhas na Guerra, A cobra fumou na Itália, capítulo 11)
09 de janeiro de
1945:
na madrugada, os alemães, aproveitando a escuridão e o frio que fazia, lançaram
um ataque às nossas posições com uns 50 soldados da tropa especializada de
montanha, sob a região de Monte Africo, defendida pela 8ª. Companhia e foram
repelidos à pequena distância, sem êxito. Graças a Deus, se não me falha a
memória, mais um bravo de Jacareí participou dessa operação defensiva: o
soldado Pedro Corteli, que ficou cercado pelos alemães por duas vezes e
conseguiu sobreviver.
Meados de fevereiro a
março de 1945:
nesse período, é feita a ofensiva do IV Corpo de Exército: Ofensiva de
Primavera. Trata-se de conquistar melhores posições para atacar as posições
fortificadas alemãs. Daí a vitória de Monte Castelo* e Castelnuovo di Vergato.
avanço ao Monte Castelo |
*“Uma outra data foi marcada para a tomada do
Monte Castelo: 21 de fevereiro de 1945. Nas primeiras horas da manhã, a Divisão
da Montanha (americana) marchou sobre o Monte della Torraccia, ao norte do
Monte Castelo, depois de guarnecido o Monte Belvedere e montanhas próximas a
ele. Às quatro horas da tarde, o posto de observação do general Mascarenhas
recebeu uma visita em peso do comando americano, incluindo o comandante do 4º
Corpo, general Crittenberg e o próprio comandante do 5º Exército, general Mark
Clark. Além de seu apoio moral, estes deixaram a recomendação para que o ataque
fosse intensificado, evitando serem apanhados de surpresa com a chegada da
noite, que favoreceria mais aos alemães, familiarizados com o local.
No
segundo ataque ao Monte Castelo, que começou na manhã de 28 de novembro, tudo
conspirou contra os brasileiros. Na noite passada, as tropas americanas foram
rechaçadas do Monte Belvedere, ao lado, deixando aquele flanco a descoberto, em
poder dos alemães, o que tornava mais arriscada a aventuraO avanço malsucedido
deixou um triste resultado: 34 mortos e 133 feridos. A operação toda fora
planejada pelo tenente-coronel Castelo Branco, ao qual foram debitados os
resultados.” (Os pracinhas na Guerra, A cobra
fumou na Itália, capítulo 11)
07 de fevereiro de
1945:
na madrugada, nova tentativa de ataque realizada pelos alemães, desta vez no
Setor guarnecido pela nossa Companhia, que era a 7ª. Tratava-se de tropa armada
com uma metralhadora, 15 submetralhadoras, bazucas e granadas de mão. Não
obtiveram êxito.
De
março a meados de abril de 1945: um período pouco marcante e pouco movimentado.
Faziam-se patrulhas durante a noite e à luz do dia, a título de informações das
posições inimigas.
15, 16 e 17 de abril
de 1945: o
2º. Regimento de Infantaria de São João del Rei, em ação conjunta com o 3º.
Batalhão do 6º Regimento atacam Montese e conquistam a cidade. A 7ª Companhia
mais a 8ª Companhia do 3º Batalhão comandada pelo major Silvino Costa da Nóbrega,
foi designada para atingir a Cota 927 em Primeiro Escalão, sem êxito, na região
de Montese e La Torre. Às 14 h uma nova tentativa feita pela 7ª Companhia pra
atingir a referida Cota 927 é desfeita pelos bravos alemães. Nós permanecemos
nas posições conquistadas nas barbas dos alemães, debaixo de tremendo
bombardeio de 72 horas. Foram centenas de granadas remetidas pelos morteiros e
canhões que explodiam num raio de ação de uns 50 metros uma da outra,
desorganizando toda a nossa Companhia. Ela operou com 180 soldados e ficou
reduzida a uns 60 em condições de combate. Nessa batalha, foi ferido o nosso
Capitão Comandante Porto Carreiro, sendo removido para a retaguarda. Assumiu o
comando da Companhia o capitão Eter Niton, subcomandante.
Eu
tive o privilégio de assumir o subcomando da Companhia em difíceis condições,
conforme elogio ou citação militar a que fiz jus.
17 de abril de 1945: por volta das 16h,
recebi ordens do Comando do 3º Batalhão para que cessassem as tentativas de
progressão, mas que mantivéssemos as posições conquistadas. Ordens que
retransmiti pelo nosso mensageiro, soldado Lucio de Piquete, ao Capitão mais à
frente.
18 de abril de 1945: o nosso batalhão foi
substituído pelo 2º Batalhão, sob intenso bombardeio inimigo, ainda em Montese.
22 de abril de 1945: foi constituído um Agrupamento.
Nelson de Mello, comandante do 6º. Regimento uniu-se ao 3º Batalhão do 6º
Regimento de Infantaria, uma Companhia de Reconhecimento Blindada comandada
pelo capitão Pitaluga, uma Companhia de Obuzes (Canhões) do 6º Regimento de
Infantaria, além de elementos de outras unidades, com destino para as posições
de La Torre.
23 de abril de 1945: desse momento em
diante, no meu entender, foi dado o golpe final. Em toda a frente italiana, nós
atacávamos os alemães, que estavam em retirada. Foram ataques sucessivos
passando por várias cidades italianas: Dezano, Lorenzo, Escotena e outras.
27 de abril de 1945: ocupamos a cidade de Basconcelo, de onde partimos para Formoso di Taro.
27 de abril de 1945: ocupamos a cidade de Basconcelo, de onde partimos para Formoso di Taro.
28 de abril de 1945: ocupamos a cidade de
Collechio, até que veio a rendição da 148ª. Divisão alemã que operava na nossa
frente Italiana. Região de Collechio e Fornovo. Este foi o mais sensacional
feito da Força Expedicionária Brasileira, que, no meu entender, terminava a
guerra com a galhardia e a coragem do Infante brasileiro.
29 de abril de 1945: permanecemos nas
posições conquistadas, enquanto se processavam as medidas da rendição da
Divisão Alemã.
06 de maio de 1945: o 3º. Batalhão se
desloca para a cidade de Tortona, Alta Itália, onde ficamos aguardando dias
melhores, tomando um bom vinho.
07 de maio de 1945: rendem-se,
incondicionalmente, todas as tropas alemãs na Europa, terminando assim a II
Guerra Mundial.
06 de junho de 1945: Embarcamos no navio
de guerra americano, General Meigs, num total de 3.400 soldados, cabos, sargentos
e oficiais, que, às 18 h deixava o Porto de Nápoles com destino breve e
vindouro que seria o Brasil.
18 de junho de 1945:desembarcamos,
vitoriosos, no Porto do Rio de Janeiro[1],
o 1º Escalão Divisionário que operou na Itália. Na longa viagem de volta, entre
comemorações carnavalescas ao mesmo tempo cheias de lágrimas, de sorrisos e até
mesmo desmaios, trouxemos conosco a Cruz da Vitória: nossas feridas, nossas
medalhas de campanha. E uma das melhores medalhas foi a de estarmos vivos, graças
a Deus e às promessas feitas a Nossa Senhora Aparecida que nos compreendeu. A
vitória da Força Expedicionária Brasileira ficou oficializada e comemorada no
dia 8 de maio de 1945, quando cessaram os compromissos de participação dos
Praças Brasileiros com os nossos aliados. Estes continuaram na luta até o dia
15 de agosto de 1945, data da queda do Japão.
“Em 1945, emocionante
mesmo foi a chegada da FEB da Itália. O Rio tinha menos de 2 milhões de
habitantes, os cálculos davam 800 mil pessoas no Centro da cidade. Não havia
televisão, e ninguém podia andar na Cinelândia, Avenida Rio Branco, ou nas ruas
por perto. De cada 2 habitantes, 1 foi homenagear os "pracinhas" que
combateram o nazifascismo. Consagração.”
(Hélio Fernandes - Tribuna da Imprensa - 15/06/2004)
(Hélio Fernandes - Tribuna da Imprensa - 15/06/2004)