domingo, 8 de junho de 2014


Memórias do Prof. Mário Moras (final)

Comemoração dos 75 anos do Grupo Escolar Cel. Carlos Porto: Prof Mário Moraes à direira e Dr. Walter Francisco (dentista da escola) à esquerda.

O que marcou muito a minha juventude foram as festas religiosas: A Festa do Divino trazia sempre um casal de reis e era sempre um casal de crianças que saía. Havia a novena do Espírito Santo e o encerramento era com uma procissão. Antes de ser desta maneira, faziam a bandeira do Divino correr a cidade e, na casa dos festeiros, havia café com biscoitos servido para todo mundo.







As festas da Semana Santa seguiam o ritual antigo, com solenidades de manhã e à noite.  Acontecia nessa época a Procissão do Fogaréu. As pessoas saíam da Matriz e vinham cantando a ladainha de Todos os Santos com tochas, com tocheiros de querosene protegidas por vidro. Elas caminhavam em passo apressado e subiam a Corneteiro de Jesus. Vinham trazendo a imagem do Senhor dos Passos. O passo apressado era para simbolizar quando Jesus saiu com a cruz, foi uma coisa atropelada, correndo, então a tradição era a procissão à noite, com as tochas e com todos apressados. Havia em Jacareí, no centro, todos os Passos da Paixão marcados. Ali, no Marcolino, havia um Passo. Perto do Cine Rio Branco, havia outro. Na Corneteiro de Jesus, na subida, também havia um. Em cada Passo, era armado um altar, na porta de uma residência, sempre com a imagem  do Senhor dos Passos. O padre fazia uma oração e o coro cantava a música apropriada e a procissão seguia em diante. A imagem do Senhor Ressuscitado era carregada por homens fortes: o Aureliano Moreira, o Maneco Ivo. Essa imagem foi presente do Alfredo Schurig. A base é de pedra que veio da Alemanha e pesava muito.
Papai gostava muito de teatro, do qual, inclusive, ele participava.
Havia aqui um Teatro Municipal, onde hoje está a Casas Pernambucanas. Papai participava também, bastante, do Carnaval. Ele saía sempre fantasiado de mulher.



Clube Esperança
A primeira rua que recebeu calçamento de paralelepípedos foi a Alfredo Schurig, na gestão do Coronel João Ferraz. A Praça Conde de Frontin chamava-se Praça do Bom Sucesso e era um descampado todo alagado. Na revolução, mudaram o nome para Praça João Pessoa. Lá não tinha casarão algum e nem jardim. Depois foi feito um monumento ao Expedicionário, doado pelo embaixador Macedo Soares. Então é que plantaram as árvores.
Jacareí tinha muitos problemas com as enchentes e também com a falta de água. Às 8 horas da noite, fechavam a água e o povo ficava sem. Quando o Sr. Antoninho Mercadante se casou, nesse dia, em homenagem aos noivos, a água ficou aberta até as 10h da noite. A água era fornecida por uma empresa do município pelo efeito de declive. As bombas eram deficientes, então, a água da cidade era pouca. Quando havia enchentes, a água era cortada.

Seu Aníbal Paiva e Tio consertando a Bomba d´água
 Havia um desvio da Central do Brasil para a Serraria Lameirão. Este desvio atravessava a Praça Raul Chaves, onde hoje está o Banco do Estado de São Paulo, bem na frente da Rua Ramira Cabral. O trem parava ali para deixar as toras de madeira muito pesadas. Ele entrava nas serrarias, não só para deixar as toras, mas também para recolher o material já trabalhado para os compradores. Depois ele saía de ré, porque não tinha onde manobrar.


O casarão onde funciona o Carlos Porto , dona Josefina Guimarães da Costa Leitão, viúva do Coronel, vendeu ao Estado por trinta contos de réis, em 1895, mas o Grupo Escolar foi nele instalado apenas em 14 de julho de 1896, depois que fizeram algumas adaptações. No início, o Grupo Escolar ocupou um prédio que foi alugado. Era um antigo casarão, muito bonito, que ficava nos Quatro Cantos. Nele, depois, foi o Pastifício dos irmãos Lencioni.

Rua Alfredo Schurig recebendo calçamento
Eu assumi a direção do Carlos Porto dia 13 de agosto de 1954, que deixei em 12 de agosto de 1976. Fui seu diretor por vinte e dois anos. Eu já entrei como diretor e fui muito feliz. Encontrei um corpo docente muito bom que colaborou muito comigo e do qual eu guardo as melhores recordações. Comecei minha carreira no magistério como professor substituto. Depois ingressei na Fazenda São Martino, de onde fui transferido para o Lamartine Delamare e de lá para o Carlos Porto.”

2 comentários:

  1. Tivemos caminhos inversos:
    Ele começou no Lamartine e depois foi para o Carlos Porto.
    Eu comecei no Carlos Porto e depois fui para o Lamartine, faze a Admissão.
    Naquela época, antes de entrar no ginásio tive de fazer o 5o. ano (Admissão) para aí sim entrar no Silva Prado.
    Um tempo em que as escolas públicas preocupavam-se em ensinar... e ensinavam.

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  2. Vital Verdelli (Via Facebook)
    Parabéns Ludmila Saharov, seu blog está muito bem elaborado tanto em termos visuais quanto ao conteúdo de leitura agradável. Obrigado por manter viva a história de nossa cidade.

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