segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016


Nota de esclarecimento


Caros:
Reproduzo aqui a mensagem que recebi de meu querido amigo Luiz José Navarro da Cruz, com o intuito de me desculpar por não tê-lo incluído nas Referências fotográficas de meu livro Jacareí Tempo e Memória. Foi uma falha involuntária imperdoável, pela qual já lhe pedi desculpas, e peço novamente nesta publicação. Realmente, Luiz José é citado por mim em inúmeras referências a artigos que publicou no Jornal Semanário e que muito utilizei para corroborar minhas entrevistas. Infelizmente, a fita com o depoimento de seu pai, Hélio Navarro da Cruz, prefeito de Jacareí no período de1934/1937 foi uma das que se perderam no longo percurso que separou as entrevistas da publicação do livro. Eu me recordo que estive com ele, na companhia de Odilon de Siqueira, em sua casa, repleta de antigos jornais (pilhas e pilhas) documentos, fotografias e gravei uma belíssima entrevista embasada em suas memórias de cidadão e ex prefeito, que deixei no nosso Museu de Antropologia junto a outras fitas. Quando comecei a organizar o material para o livro, me dei conta de que a entrevista do Sr. Hélio não fora transcrita, e, quando fui procurá-la no Museu, nenhuma fita fora encontrada, devido às inúmeras mudanças, reformas e problemas estruturais pelas quais o museu passou. Uma perda que não teve como ser sanada. Infelizmente!
No meu livro, nas páginas 122 e 123 respectivamente, eu publico:

"Neste mesmo ano de 1978, em 2 de abril, foi inaugurada, com imenso sucesso,  
na Sede da Associação Comercial de Jacareí, uma belíssima exposição de 
fotografias antigas. O presidente da ACJ, na época, era José Luiz Navarro da 
Cruz. Cerca de 300 fotos, emolduradas, todas impressas em tamanho 
padronizado e na cor sépia, com legendas informativas, documentavam a vida 
da cidade, desde os fins do século XIX até meados do sec. XX. Esse  
importante trabalho de coleta e pesquisas foi realizado por Luiz José e José 
Carlos Martins. Lembro-me de que, por várias semanas, o prédio da 
Associação Comercial ficou tomado por uma multidão de moradores, de todas 
as idades. Os mais antigos traziam os jovens para mostrar-lhes o lugar que viram crescer, as ruas nas quais brincaram, o rio onde nadaram, as pessoas 
com quem conviveram.. Foi impressionante participar desse momento, 
observar a emoção nos rostos das pessoas, as memória aflorando ao recordar 
nomes de amigos, vizinhos, parentes, colegas de escola, apontados nas 
imagens; antigos nomes das ruas, a lembrança dos prédios, praças, festas, 
desfiles, procissões, enfim, lembranças de um tempo que passou deixando 
marcas indeléveis no coração de todos. Transcrevo, a seguir, um pequeno  
trecho da entrevista de Luiz José, publicada no jornal “O Jacareiense” na 
edição de 3 de abril de 1978, pág. 4,  acerca da memória visual da cidade, por 
ele coletada.
“A ideia surgiu quando Aureliano Sales de Oliveira nos procurou, a mim e ao 
José Carlos Martins, pedindo-nos para fazermos um trabalho sobre a história 
do comércio de Jacareí, para publicação no jornal O Jacareiense” Como a 
Associação possuía poucos dados sobre o comércio, achamos que seria 
interessante fazer um trabalho sobre as perspectivas históricas. Isso foi uma 
conversa entre eu e o José Carlos. Uma noite, reunimo-nos na Casa Roberto 
Martins para decidirmos o que poderíamos fazer, e chegamos à conclusão que 
o melhor seria um trabalho sobre o prisma histórico.
Então comecei a conversar com comerciantes antigos, e começaram a 
aparecer dados, historias, não só do comércio de Jacareí, e começaram a 
aparecer fotografias. E o que mais motiva é a fotografia. Nossa ideia, então. foi 
a de criarmos um Arquivo histórico-fotográfico da cidade . Resolvemos então 
fazer um trabalho que abrangesse tudo: a vida social, a vida esportiva, os 
grandes acontecimentos que deixaram sua marca na historia de Jacareí, enfim, 
mostrando os costumes de várias épocas passadas, desde quando se pudesse 
coletar fotografias, isto é, desde o século passado. Essas fotografias serão 
apresentadas em um formato único de 18x24, todas em sépia, para dar ideia 
de antiguidade, colocadas num cartão reproduzindo um cartão fotográfico do 
princípio do séc. XIX em bico de pena, e, em baixo de cada foto, em cada 
cartão será colado outro cartão com a identificação de ano, local, pessoas.
Quem mais colaborou neste projeto foram os Srs. Odilon de Siqueira, Lauro 
Martins, Paulo Martins, Edsel Capucci, José Carlos Cruz, Jayme Bueno, o 
prefeito Sérgio Lencioni e Aníbal Paiva Ferreira, dentre muitos.”.. (pgs 122/123)

Agora, a carta de Luiz José

9 DE JANEIRO DE 2016 18:17 Ludmila :- senti muito não ter podido falar pelo meu pai, como já te expliquei, por ter ficado fora do ar ( por questões médicas ). Agora, ao ler mais algumas coisas do seu livro, fiquei mais admirador de seu talento, tendo em vista sua capacidade de pesquisa e síntese, reunindo muito material de máxima importância para a história de Jacareí. Entretanto, por uma questão de justiça, não posso deixar de fazer um reparo quanto às fotos que estão contidas na sua publicação. Assim, eu primeiro recordo que foi você a primeira pessoa que lembrou-se de meu arquivo histórico e fotográfico, quando me pediu emprestada uma parte deste acervo para uma palestra na Faculdade de Lorena, por volta de 1980. Desta forma, quero dizer de novo, que em 1977, ao ver uma coletânea de fotos antigas de Jacareí, contidas num trabalho de uma aluna da Escola Normal desta cidade, elaborado em 1944, fiquei decidido a fazer um amplo trabalho de campo, para coletar todo o material que conseguisse, em termos de originais fotográficos, junto a famílias tradicionais da cidade. Tive sucesso por conhecer muita gente e mais a ajuda de meu pai, para, assim, merecer a confiança de ficar por algum tempo na posse deste material a mim emprestado, para ser reproduzido fotograficamente. Ainda, muito trabalho houve para se pesquisar os históricos de cada foto. Foi uma luta de quase um ano. Importante ;_ com finalidades culturais e sem fins lucrativos. Isto posto, devo ressaltar que o Mir Cambuzano, colaborou com seu trabalho de ótima qualidade, mas remunerado. Muito justo, porque estava atuando profissionalmente. E tendo ficado com os negativos, autorizado por mim, fez reproduções para venda e, mais tarde, entregou o material ao Arquivo Público. Mas, a iniciativa foi minha e só assim se pode formar uma acervo tão grande da memória da cidade, em fotografias. Espero não tê-la, importunado, porém eu tinha que me ressentir em não ter sido mencionado na sua magnífica obra, no quesito fotografias !!!

Creio que o esclarecimento está prestado. (Ludmila)