terça-feira, 26 de julho de 2016


O Brasil é descoberto!

Desembarque de Cabral em Porto Seguro, óleo sobre tela de Oscar Pereira da Silva, 1922 [34] . Acervo do Museu Histórico Nacional (Rio de Janeiro).

O português Pedro Álvares Cabral embarcou em Lisboa, no ano de 1.500, em direção às Índias Orientais. Ventos contrários, no entanto, empurraram as caravelas para o oeste, e o Brasil foi descoberto . Na época, o rei de Portugal, D. Manuel, O Venturoso, estava com toda a atenção voltada para as conquistas de seus generais nas Índias, e pouca atenção deu ao Brasil. Nossa costa setentrional, no entanto, começou a ser explorada por grupos de colonizadores que para cá vieram por conta própria, segundo nos conta Auguste de Saint-Hilaire,  que escreveu vasta obra documentando a vida no Brasil do início do séc. XIX.
Em 1521, o rei D. João III subiu ao trono e resolveu assegurar os direitos que Portugal tinha sobre as terras descobertas, encarregando Martim Afonso de Souza a tomar posse delas em caráter oficial e definitivo. Martim Afonso partiu de Lisboa no final de 1530 e em 30 de abril de 1531 chegou à baía do Rio de Janeiro.
“Uma vez que os Tamoios, índios desconfiados e belicosos, não permitiriam que ele ali se estabelecesse, Martim Afonso continuou viagem até o Rio de La Plata. Em seguida, retornando na direção do norte, entrou a 20 de janeiro de 1532 numa baia que, protegida por duas ilhas muito próximas da terra firme, oferecia o melhor ancoradouro de toda essa parte do litoral. Ele havia recebido ordem de seu soberano para estabelecer uma colônia ao sul do Brasil. Foi esse o local que escolheu, lançando na Ilha de São Vicente os fundamentos da cidade do mesmo nome.” (Saint-Hilaire, 1976, pág.17)
Quando Martim Afonso aportou em São Vicente, os índios que aqui moravam eram os pacíficos Guaianases, liderados pelo cacique Tibiriçá, um poderoso e valente guerreiro. Tibiriçá já conhecia o homem branco, pois sua filha era casada com um náufrago português, de nome João Ramalho. Assim, com a interferência de João Ramalho, índios e colonizadores confraternizaram e fizeram uma aliança contra as demais tribos indígenas que viessem a perturbar a paz. Então,  Martim Afonso dedicou-se à construção da nova vila, nomeou oficiais de justiça e garantiu o direito às propriedades dos novos colonos, que aqui já começaram o cultivo da terra.
“É inexata a descrição feita dos primeiros habitantes da nova colônia como sendo compostos de um punhado de facínoras. Entre os companheiros de Martim Afonso havia até membros da nobreza de Portugal e da Ilha da Madeira. É evidente, porém, que todos deviam compartilhar dos mesmos vícios e das mesmas qualidades comuns em sua época. Eram semelhantes a todos os portugueses dos meados do século XVI. A um tempo inteligentes e pouco esclarecidos, de uma generosidade que chegava às raias da imprevidência, eles juntavam a um espírito empreendedor e aventureiro uma enorme intrepidez, uma grande dose de orgulho e audácia, o amor à glória, o desejo de acumular riquezas...” (Saint-Hilaire, 1976, pág.18)
Para resolver os problemas de colonizar uma região tão vasta neste Novo Mundo, o rei D. João III dividiu o Brasil em diversas Capitanias Hereditárias, doando-as aos membros da nobreza de Portugal, que tinham por obrigação, em contrapartida, defendê-las e cuidar do seu desenvolvimento. A Martim Afonso coube uma vasta extensão de terras que perfaziam 100 léguas  do litoral, a partir do Rio Macubé até a Baía de Paranaguá .
Martim Afonso, no entanto, precisou voltar a Portugal em 1533, e lá tomou a iniciativa de permitir que as mulheres de seus companheiros, que permaneceram no Reino, seguissem ao encontro de seus maridos e também que novos colonos embarcassem para o Brasil. Com eles vieram diversas espécies de animais domésticos europeias e também mudas de cana de açúcar, provenientes da Ilha da Madeira, que possibilitaram a instalação do primeiro engenho de açúcar no novo continente.
“A ausência de um chefe honesto e enérgico não foi o único mal que se abateu sobre os colonos de São Vicente. Outro fator de corrupção surgiu entre eles desde os primeiros dias de sua fundação: havia sido permitida a escravização de índios... Estes, ao perderem os seus hábitos selvagens, tornaram-se ainda mais embrutecidos, e seus amos se embruteciam junto com eles, mostrando-se cada vez mais cruéis... Muitos vicentinos (denominação que a princípio receberam os habitantes de São Vicente) casaram-se com índias, outros as tomavam como amantes ou tinham, mesmo sendo casados, ligações com elas. Dessas inúmeras uniões nasceu um grande número de mestiços, e foi a eles, conhecidos por seus costumes bárbaros, que foi dado o odiado nome de mamelucos, tomado à milícia muçulmana que dominava o Egito”. (Saint-Hilaire, 1976, pág.20)
Em 1549, D.João III, atendendo aos pedidos dos colonizadores, nomeou um governador geral, Tomé de Souza, que embarcou para o novo território, juntamente com cinco religiosos da Companhia de Jesus, chefiados por Manuel da Nóbrega. Quatro anos mais tarde, vieram juntar-se a eles mais sete religiosos, dentre os quais José de Anchieta. Tão logo chegou ao Brasil, Nóbrega fundou um colégio em São Vicente. Os padres da Companhia de Jesus ensinavam os princípios da religião, a leitura, a escrita, a aritmética, a música e todas as artes úteis aos “selvagens” que aqui viviam, protegendo-os, também da exploração do homem branco.
“Os jesuítas não demoraram a perceber que, para se tornarem verdadeiramente úteis aos índios, não deviam ficar confinados ao litoral, habitado unicamente pelos portugueses e seus escravos. Nóbrega decidiu fundar um novo colégio na planície do Piratininga, entregando essa tarefa a Anchieta... No dia 24 de janeiro de 1554, data da conversão de S. Paulo, foi celebrada a primeira missa no novo estabelecimento, que recebeu o nome de São Paulo.” (Saint-Hilaire, 1976, pág.21,22)
Quando falamos da fundação de um colégio, reportamo-nos a uma choupana rústica que abrigava os religiosos e seus discípulos. A igrejinha erguida era uma capela de sapê coberta por folhas de bananeira. Na época, as casas dos paulistas eram provavelmente feitas de barro. Saint-Hilaire cita uma carta enviada por Anchieta ao superior de sua ordem, em 1563, onde o padre descreve que a vila recém-fundada tinha uma porta de entrada e, para a defesa das investidas permanentes de tribos inimigas dos portugueses, eles haviam construído à sua volta uma paliçada.
Saint Hilaire escreve que, em 1585, não havia em São Paulo mais do que 120 habitantes, não se incluindo nesse total os índios escravizados. No início do século XVII, São Paulo possuía 200 habitantes, uma centena de casas, uma igreja paroquial, um convento beneditino, um convento de carmelitas e o colégio dos jesuítas. No final desse século, a população tinha aumentado sensivelmente, mas assim mesmo não passava de 700 habitantes.
“Quando, em 1712, a Província de São Paulo deu início à formação de um governo local, sua capital foi escolhida como resid

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