Interior da Igreja Matriz de Jacareí |
Pintura de Nossa Senhora da Conceição na abóboda da matriz de Jacareí |
Bem, ela é conhecida por todos e hoje se perpetua num vitral que está na Matriz.
A origem deste vitral foi a seguinte. Eu observei que, entre o povo, se falava que a imagem de Nossa Senhora Aparecida saiu de Jacareí, pelas seguintes razões:
Jacareí era a única cidade que estava a montante de Aparecida pelo Rio Paraíba.
Era a única cidade cuja padroeira é a Nossa Senhora da Conceição, imagem que está depositada no altar da Matriz.
E havia a tradição que falava que alguém jogou a imagem da padroeira no Paraíba porque havia um monstro que devorava os animais e até as crianças, e que se escondia no rio.
Então, naquela devoção ingênua, simples, do povo, acharam que jogando uma imagem nas águas poderiam acabar com o problema. Esta era a fé do povo daquele tempo. E isso foi feito. O fato circulava como notícia entre os antigos de Jacareí. Assim, certo dia, lendo o jornal “O Estado de São Paulo”, qual não foi minha surpresa ao encontrar nele uma crônica escrita a esse respeito. A partir daí, me veio a ideia de deixar o fato perpetuado de alguma forma. Tomei a crônica, fui a Casa Conrado, em S. Paulo, que é a maior casa de vitrais ainda hoje e pedi para falar com o desenhista. Veio atender-me um moço inteligente, muito vivaz, ao qual mostrei a crônica, pedindo que a reproduzisse num vitral e ele fez este que está na Matriz, guardando uma tradição antiguíssima, que, encontrou tanta base, que o próprio “Estado de S. Paulo” publicou.
Vitrais da Igreja da Matriz |
um dos vitrais da nossa Igreja Matriz, confeccionado a pedido do Padre Ramon Ortiz. ilustrando a lenda da aparição de N.S. Aparecida. Foto cedida por Rosalina Ramalho |
De fato, o desvio aconteceu e foi muito posterior.
Ilustração para a lenda feita em nanquim por Mestre Justino, de Taubaté |
Igreja de Santa Cruz dos Lázaros |
Foi por volta do ano de 1900, que o Sr. José Pereira fundou a primitiva capela, cuja Cruz original ainda se encontra na edícula ao lado. Esta capela marcou uma época terrível, em que a lepra não tinha médico-hospitalar; assim, leprosos vindos de cidades vizinhas para esmolar - os doentes eram
sempre mendigos e viviam da caridade pública - instalavam-se aqui, junto à Água Espraiada, donde originou-se o nome da capela: Santa Cruz dos Lázaros. Este era um lugar ermo, evitado e afastado da cidade, que possuía um Lazareto ali, detrás da Gates, hoje extinto. Atualmente, a Capela foi toda reformada, reforma esta custeada pelo Dr. Roland Chedid Abeyche, e nela existe, com regularidade, ofício religioso muito procurado pela devoção popular.
Como vivo, atualmente?
Bem, talvez possa parecer a muitos que eu durma de dia e descanse à noite, mas, não é bem assim, não!
Embora eu aproveite algumas horas de lazer, eu também tenho bastantes ocupações. Auxilio meus colegas na medida que vêm me procurar. Estou frequentemente ocupado, sempre tenho afazeres. O tempo que me resta, eu dedico a esta chácara, a terra, às plantas. Depois, eu leio e estudo sempre e muito. A mensagem que deixarei ao povo de Jacareí será referente à Aparecida, já que falamos muito a seu respeito. Essa mensagem, que seja então a seguinte:
Em vista de tudo o que ocorreu, de tudo que se passou, que o milagre da Virgem seja um fino estímulo para a maior devoção a Nossa Senhora, que nós evocamos sob o nome de Aparecida.
A segunda parte da mensagem será para que haja sempre gosto, interesse e verdadeiro amor pelas tradições, coisas, objetos e fatos de nossa história; e a terceira, e última parte, será para que haja sempre em nossa casa, uma visita tão simpática e agradável como a que tivemos hoje.”
Padre Ramon, nós é que temos muito a lhe agradecer pelo carinho e atenção com que fomos recebidos e tratados, pelo calor humano e sabedoria que nos transmitiu, e nos despedimos do senhor, com um pedido: lembre-se de nós em seus momentos de meditação e prece. Obrigada pela entrevista!