sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014


Senta a Pua






“E o distintivo dos rapazes da FAB?” *
“Era uma ema, ou um avestruz, com a cara muito brava, segurando uma pistola e um escudo  onde estava escrito: “Senta a Pua” * ( Álvaro Lourenço)

* Esse dístico da FAB foi criado pelo Capitão Aviador, depois Major-Brigadeiro Fortunato Câmara de Oliveira, Comandante da Esquadrilha Azul.
Simbologia do emblema: faixa externa verde-amarela - o Brasil
Avestruz - velocidade e maneabilidade do avião de caça e o estômago dos pilotos, que aguentava qualquer comida (referência à comida estrangeira norte-americana)
Quepe do avestruz - piloto da Força Aérea Brasileira
Escudo - a robustez do avião P-47 Thunderbolt e proteção ao piloto.
Fundo azul e estrelas - o céu do Brasil com o Cruzeiro do Sul
Revólver - poder de fogo do avião P-47 Thunderbolt
Nuvem - o espaço aéreo
Fumaça e estilhaços - a artilharia antiaérea inimiga
Fundo vermelho - o sangue derramado pelos pilotos na guerra
O grito de guerra "Senta a Púa" pode ser entendido também como "Senta o pau" ou "Desça o porrete". (página da FAB na internet).

Curiosidades - O 1o Grupo de Aviação de Caça foi criado em 18/12/42 e após treinamentos intensivos nos EUA e Panamá. Durante os treinos surgiu o emblemático grito de Guerra "Senta a Pua" uma gíria da época que significava "mete bala". Em 04/10/44 o grupo desembarcou do SS COLOMBIE em Napoles -Italia. Durante a jornada , foi criado o simbolo do Grupo: UM AVESTRUZ. É de estranhar o porque de uma ave que não é brasileira e que não voa ter se tornado o emblema que seria pintado nos narizes dos aviões do 1o GAcCa. A escolha veio de uma dificuldade de adaptação à dieta dos americanos: Muito Feijão Doce, Ovos com Bacon, Salsichas e suco de Grapefruit, que segundo o gosto alimentar, precisavam ter estomago de Avestruz para aguentar aquela comida. Assim o Cap Fortunato Camara de Oliveira fez um esboço da ave que come de tudo, a qual se tornou a marca visual do SENTA A PUA !!!!
 Fonte: 1942 - Brasil e sua Guerra quase desconhecida" de João Barone -

Trechos do Livro "1942 - Brasil e sua Guerra quase desconhecida" de João Barone*

" Na ocasião, os integrantes do Grupo se depararam com um desafio que já demonstrava toda a a capacidade de improviso tipica dos brasileiros. Na cerimonia de formatura e desfile de boas vindas, a tropa americana cantou o hino de sua força aérea. Momentos antes do desfile brasileiro, como ainda não havia um hino da recem criada Força Aérea, o chefe do destacamento Cap Marcilio Gibson, ordenou que a tropa cantasse " A Jardineira", antigo sucesso de carnaval. Foi entoada com toda força pelos aviadores e serviu como hino informal do Senta a Pua.
Apos o desfile, os militares americanos cumprimentaram seus colegas brasileiros pelo BELO E EMOCIONANTE HINO"

 " Ten Rezk - Na madrugada de 24/02/45, durante as ações conjuntas da Feb com a 10a Div de Montanha americana, na tomada do Monte della Torraccia, o Ten no comando do seu pelotão, protagonizou o maior feito obtido por um soldado brasileiro. Mais uma vez, enquanto segurava sua posição, permitiu a progressão das forças americanas e brasileiras mesmo ferido com um tiro na mão. Por essas ações Rezk recebeu a Distinguished  Service Cross (Cruz de Serviços Notaveis), a maior condecoração depois da medalha de honra onde apenas 3 soldados não americanos a receberam. Em seu enterro em 1999 os EUA mandaram um representante que confidenciou Não entendo vocês, brasileiros, na minha terra alguem com importantes condecorações teria recebido na vida as maiores homenagens, o respeito e a gratidão do seu povo"

*João Barone, baterista do grupo Paralamas do Sucesso e aficcionado por assuntos da Segunda Guerra Mundial, procura relevar e analisar a participação do Brasil no conflito que sangrou o mundo. Filho de um dos mais de 25 mil pracinhas que lutaram na Itália, Barone dirige sua pesquisa pelo passado do pai e do país para unir dados, curiosidades e histórias emocionantes de uma campanha incrível que muitas vezes o próprio brasileiro desconhece.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014


Memórias dos pracinhas de Jacareí na Itália - Parte I

Pracinhas de Jacareí, antes da partida para a Itália: foto de Rosalina Ramalho
Memórias dos pracinhas de Jacareí na Itália

Em 27 de março de 1996, no prédio da sede do MMDC, na Praça do Expedicionário, reuni-me, pela primeira vez, com alguns expedicionários de Jacareí, para ouvir um pouco de suas memórias. A esse encontro seguiram-se outros, e, além das memórias e do excelente cafezinho que juntos degustamos naquelas tardes, há 17 anos, foram aparecendo diários, livros, recortes de jornais, medalhas, diplomas, cartas, cartões postais. Lembranças que eles traziam e mostravam, para que eu também me inteirasse de suas vivências na Itália, onde, bem jovens, foram lutar contra a tirania que assolava o mundo livre. Encontrei-me, nessas ocasiões, com os Srs. Antonio Candido dos Santos, (à época com 76 anos) o Sr. Luiz Antonio da Silva, (carinhosamente chamado de “seu Guandu”, (76 anos) o Sr. Álvaro Lourenço (Capitão Lourenço) (então com 75 anos) e o Sr. Francisco Arthur Gomes (75 anos).
Todos ficaram aquartelados em Caçapava, na 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária no 6º e 7º. Regimentos de Infantaria.
Orgulhosos, apresentaram o documento de Citação de Unidades condecoradas com a Cruz de Combate de 1ª Classe, que transcrevo:

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014


O Brasil na II Guerra Mundial


livros utilizados em minha pesquisa
“A Campanha da FEB na Itália pode ser sumariada em cinco períodos. O primeiro vai de meados de setembro de 1944 a princípios de novembro. Passa-se no Vale do Serchio. Não era a FEB inteira. Era o Destacamento FEB do Gal. Zenóbio da Costa, em operações de marcha para combate, na tomada de contato com a parte da Linha Gótica, a oeste da península.”
“Do princípio de novembro aos meados de fevereiro, sofre-se a base defensiva. Nesse período, a FEB foi levada para a margem do pequeno Rio Reno, ao norte e a oeste de Porreta Terme. Aí a FEB passou a atuar como uma Divisão inteira, sob o comando já do Gal. Mascarenhas. É o tempo dos ataques malogrados ao sinistro Monte Castelo. Fase do heroísmo das patrulhas, fase áspera e difícil, que antecede e prepara dias melhores. Aí a FEB realmente faz a sua preparação, no sangue e na vigília, na lama, na neve, no sacrifício, também no medo, e uma só vez, por que não dizer? - até mesmo no pânico.
Vai o terceiro período dos meados de fevereiro aos princípios de março. Vai se fazer a Ofensiva do IV Corpo, preliminar da grande Ofensiva da Primavera. É o plano Encore. Trata-se de conquistar melhores posições, de onde lançar a Ofensiva que vem depois. Ataques a posições fortificadas, as inesquecíveis vitórias de Monte Castelo e Castelnuevo de Vergato.
 É breve e pouco marcante o quarto período, de princípios de março a meados de abril, período de reajustamento. Espera pela hora decisiva. Patrulhas durante a noite, patrulhas à luz do dia. O pracinha brasileiro é já, aqui, um combatente realizado, ungido pela vitória, no seu valor confiante.
De meados de abril a 2 de maio, ao fim da guerra, o quinto período. Ofensiva em toda a frente da Itália. Ofensiva da primavera. Golpe final. Três compassos sucessivos. O difícil ataque de Montese, a marrada contra a sólida defesa alemã. A exploração do êxito rumo de Vignola, com a escaramuça do combate de Zocca. E, finalmente, a arremetida em meio à desorganização inimiga do fim da guerra: a retirada, o cerco, Colecchio, Fornovo di Taro, a rendição de duas divisões inimigas, a corrida para o Vale do Pó, para os Alpes franceses, a junção de tropas brasileiras e gaulesas, em Susa, a oeste de Turim.” (Costa, O.P 1976, págs. 39/40/41)

Em 8 de maio de 1945, o Gal Gustav Jodi, chefe do estado Maior alemão, assinava, em Reims, França, o documento de rendição incondicional. Era o fim da II Guerra Mundial.
A 29 de outubro de 1945, caía o Governo de Vargas, encerrando-se a ditadura do Estado Novo.

A seguir os depoimentos dos pracinhas jacareienses. Não percam!

sábado, 22 de fevereiro de 2014


Fonte de pesquisa

http://www.bibliex.ensino.eb.br/?Token=MQ%3D%3D660740&col=MTA%3D453587http://www.bibliex.ensino.eb.br/?Token=MQ%3D%3D660740&col=MTA%3D453587

E a cobra fumou.....


“Com um efetivo de 25.344 homens, a FEB participou efetivamente das operações de guerra no teatro do Mediterrâneo, de julho de 1944 a maio de 1945, na Campanha da Itália. Compôs-se a FEB de um Comando, uma divisão de Infantaria, um Depósito de Pessoal e pequenas organizações com Serviço de Justiça e Serviço de Saúde ao qual estiveram integrados cerca de 100 médicos, enfermeiros e 111 enfermeiras, Serviço Religioso e contingentes de ligação, de intendência. A força de combate da FEB foi a 1ª Divisão de Infantaria Expedicionária, comandada pelo General-de-Divisão João Baptista Mascarenhas de Moraes, um conjunto tático-operacional constituído por infantaria, artilharia, cavalaria-motorizada, engenharia, aviação de ligação e observação e serviços de apoio e combate.” (Gazzaneo, L .M. Agência Globo, pág. 18).
“O 1º. Regimento de Infantaria do Rio de Janeiro, o 6º. dos paulistas de Caçapava e o Onze, dos mineiros de São João del Rei integravam a nossa Infantaria.” (Costa, O. P. 1976, pág. 27)

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014


O Brasil na II Guerra Mundial


Cartaz do D.I.P.(Departamento de Imprensa e Propaganda)1943:
os ataques dos submarinos alemães indignaram a população brasileira 
1942- O Brasil declara guerra aos governos nazifascistas
Em 1939, preocupados com a situação política na Europa, as nações americanas criaram, em Buenos Aires, um sistema de consulta para o caso de haver uma ameaça à paz geral, mas, reunidos, um mês depois da guerra iniciada, os chefes de governo declararam no Panamá que permaneceriam absolutamente neutros nesse conflito.
O episódio do afundamento do navio Graf Spee, em 17 de dezembro de 1939, em frente a Montevidéu, foi um sinal evidente de que manter a neutralidade seria impossível, e os acontecimentos começaram a se precipitar.
Em julho de 1940, em Havana, as nações americanas declararam que todo atentado a qualquer de nossos países seria visto com um ato de agressão à América inteira. Então, no dia 7 de dezembro de 1941, num ataque inesperado, os japoneses bombardeiam e afundam a esquadra americana em Pearl Harbor. O Brasil, em solidariedade, reagiu e, em 28 de janeiro de 1942, rompeu relações com a Alemanha, a Itália e o Japão. Passados sete meses, pagamos o alto preço pela nossa solidariedade: 19 navios, 75.500 toneladas e 740 vidas, entre passageiros e tripulantes foram afundados no mar, sem aviso prévio.
Assim, em 22 de agosto de 1942, o Brasil declarou guerra aos governos nazifascistas.

A II Guerra Mundial



1939 – A Segunda Guerra Mundial
Um dos mais importantes motivos para o início das hostilidades entre os países na Europa foi o surgimento, na década de 30, de governos totalitários com fortes objetivos militaristas e expansionistas. Na Alemanha surgiu o nazismo, liderado por Hitler, que pretendia expandir o território alemão, desrespeitando o Tratado de Versalhes e partindo para recuperar seus territórios perdidos durante a Primeira Guerra Mundial. Na Itália, estava crescendo o Partido Fascista, liderado por Benito Mussolini, com poderes sem limites. Na Ásia, o Japão também possuía fortes desejos de expandir seus domínios para territórios vizinhos e ilhas da região. Assim, esses três países, com fortes características militares e planos de conquistas elaborados em comum acordo, uniram-se e formaram o Eixo.
O período de 1939 a 1941 foi marcado por vitórias do Eixo, lideradas pelas forças armadas da Alemanha, que conquistou o Norte da França, Iugoslávia, Polônia, Ucrânia, Noruega e territórios no norte da África. O Japão anexou a Manchúria, enquanto a Itália conquistava a Albânia e territórios da Líbia.
Em 1941 o Japão atacou a base militar norte-americana de Pearl Harbor no Oceano Pacífico (Havaí) Após este fato, considerado uma traição pelos norte-americanos, os Estados Unidos entraram no conflito ao lado das forças aliadas.
De 1941 a 1945, ocorreram as derrotas do Eixo, iniciadas com as perdas sofridas pelos alemães no rigoroso inverno russo. Nesse período, ocorreu uma regressão das forças do Eixo que sofreram derrotas seguidas. Com a entrada dos EUA na guerra, os aliados ganharam força nas frentes de batalhas.
Este importante e triste conflito terminou somente no ano de 1945 com a rendição da Alemanha e Itália. O Japão, último país a assinar o tratado de rendição, ainda sofreu um forte ataque dos Estados Unidos, que despejou bombas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki. Uma ação desnecessária que provocou a morte de milhares de cidadãos japoneses inocentes, deixando um rastro de destruição nestas cidades.
Os prejuízos da guerra foram enormes, principalmente para os países derrotados. Foram milhões de mortos e feridos, cidades destruídas, indústrias e zonas rurais arrasadas e dívidas incalculáveis.
Com o final do conflito, em 1945, foi criada a ONU (Organização das Nações Unidas) cujo objetivo principal seria a manutenção da paz entre as nações.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014


O poço de ouro, na visão de Anibal Paiva Ferreira

 
Cachoeira do Rio do Peixe, Igaratá, SP.
Agora, vou contar para a senhora, a história do Poço de Ouro, que muitos dizem ser lenda.
Pois eu lhe digo que ele existiu numa das fazendas de meu pai, chamada São João do Rio do Peixe, no município de Santa Isabel ligado a Igaratá. A divisa da fazenda com a vila de Igaratá antiga era um ribeirão. O Rio do Peixe atravessava a fazenda e tinha a Cachoeira do Poço de Ouro. Quando meu pai comprou essa fazenda, a história já circulava por lá. Meu pai, então, resolveu explorar o poço, para descobrir o porquê dos comentários. Ele então desviou o rio e com sacos de terra e de areia foi fazendo um muro grande, com o rio baixo. Foi no tempo da seca. Ele desviou o curso do rio e parou a cachoeira que caía no poço.

Lenda: O poço de ouro

Fonte da imagem: Internet
O Poço de ouro

Será que no rio do Peixe, aquele que se despejava num poço profundo, para depois entrar no caudaloso Jaguari, havia mesmo um pilão de ouro enterrado?
Os olhos do Coronel  encheram-se de cobiça! Afinal, aqueles rios, agora, corriam em suas terras, assim, tudo o que se achasse em suas águas, lhe pertencia! Assuntou daqui, assuntou dali, era muita história que corria na região, pra ser apenas uma lenda. Uns contavam que foram os escravos que trabalhavam nas minas - descobertas que lograram roubar, aos poucos, pepitas de ouro, para comprar  sua liberdade e foram juntando tudo num pilão que esconderam num poço fundo no meio do rio, e depois, coitados, não o acharam mais!

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014


Lendas: Corpo Seco

Ilustração retirada da Internet

O Corpo Seco

O "causo" do Corpo Seco é uma história recorrente no Vale do Paraiba.
Eu a ouvi em São José dos Campos, em Caçapava e também em Paraibuna.
Em Jacareí, vários entrevistados lembraram-se dela, mas a história mais interessante foi contada por  Paulo Vicente da Silva:
“Contam os antigo que corpo seco é quando a pessoa é tão ruim, mas tão ruim que nem o diabo se interessa pela alma dele, então ele seca, mas com a alma dentro, então ele não consegue morrer, fica por aí, assombrando as gente.
É os caso de filho que bate nos pai, do compadre que dorme com a comadre, de pessoas muito rica que judiô dos seus escravo... Em Jacareí, tinha muito corpo seco pra gente leva embora.
Como que eles aparecia?
Eles tirava a cabeça, ou os braço pra fora da terra, no cemitério e os coveiro vinha chama a gente pra dar um sumiço...Quando um desses aparecia, era preciso chama um parente do defunto pra bater nele com vara benta. Se não achava alguém da família, tinha que vir o padre pra benze com água benta, pra ele se acalmá um pouco. Era só home preparada pra essa função que podia fazer o trabalho, porque o corpo seco prometia tudo quanto é de coisa pra poder ficar solto no mundo: prometia riqueza, dizia que sabia onde tava enterrado os pilão de ouro,  que tinha joia e moeda de ouro pra dá se soltasse ele. Falava essas coisas todas.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014


Comida Regional: Canjiquinha



Canjiquinha de Frango
200 g de quirerinha de milho, 2 litros de caldo de galinha bem forte, pimenta-do-reino a gosto, 1 e 1/2 kg de frango cortado a passarinho e temperado com
sal, pimenta calabresa a gosto e suco de 1 limão,  óleo suficiente para fritar, 2 colheres (sopa) de óleo, 1 cebola grande bem picadinha,  2 dentes de alho amassados, 2 colheres (chá) de colorau, 1 colher (chá) de orégano,1 colher (sopa) de cheiro-verde picado
Numa panela de pressão, coloque a quirera, o caldo de galinha (reserve 1 litro para o final) e a pimenta-do-reino. Assim que pegar pressão cozinhe durante 25 minutos. Reserve.
Numa panela com óleo bem quente, frite o frango e reserve. Em outra panela com óleo, doure a cebola e o alho. Junte o colorau, o orégano e o caldo de galinha (reservado acima).
Quando ferver, adicione o frango frito e a quirera cozida e cozinhe por 15 minutos mexendo de vez em quando. Corrija o sal

Comida Regional: Afogado


Comida de festa – Afogado
Criação de escravos feita com sobras de carne, este prato é servido no mercado central de São Luis do Paraitinga, na Festa do Divino. É costume acompanhá-lo com farinha de mandioca para formar um pirão no prato:
 ¼ de xícara de óleo, 2 colheres de sopa de alfavaca picada, 2colheres de sopa de cebolinha picada,  2 colheres de sopa de hortelã picada, 2 colheres de sopa de salsa picada, 1 colher de chá de sal,1 kg de acém cortado em pequenos cubos, 100 gramas de toucinho fresco cortado em cubos, 3 litros de água
2 dentes de alho amassados, 2 folhas de louro,1 cebola grande picada
1 pitada de colorau
 Fritar a carne no óleo até dourar. Acrescentar o toucinho, a cebola, o colorau, o sal, o alho e a água. Deixar cozinhar em fogo alto por 1h30 ou até a carne ficar bem macia e a desfiar-se. Se necessário, juntar mais água. Quando estiver no ponto, provar o sal, adicionar a alfavaca, a cebolinha, a hortelã e a salsa. Mexer bem e está pronto para servir.




Comida Regional: Feijão Tropeiro



Feijão – Tropeiro
½ xícara de farinha de mandioca, ½ kg. de feijão carioquinha
250 g de toucinho cortado em cubos pequenos, 2 dentes de alho amassados
1 cebola picada, 1 pitada de pimenta-do-reino, sal a gosto
Para decorar: cebolinha verde e salsa picadas a gosto
Deixar o feijão de molho por 2 horas. Colocá-lo na panela de pressão com água até 4 dedos acima dos grãos. Cozinhar por 20 minutos. Escorrer e reservar. Numa frigideira, fritar o toucinho até dourar. Retirá-lo da frigideira com uma escumadeira e reservar.
Refogar o alho e a cebola na gordura que sobrou. Acrescentar o feijão, o torresmo e a pimenta. Misturar bem. Juntar a farinha aos poucos, mexendo sempre. Acrescentar a cebolinha e a salsa bem picadas antes de servir.



Receitas Regionais: Virado à Paulista


Virado à Paulista
Este é o mais célebre prato da culinária típica paulista: uma mistura de arroz e tutu de feijão (massa de feijão com farinha de mandioca), acompanhados por bisteca de porco, linguiça, torresmo ou bacon frito, couve, ovo frito e banana à milanesa. Este prato surgiu no século XVII, quando os bandeirantes e os tropeiros levavam feijão e farinha em seus farnéis, pendurados nos lombos dos burros. Com o balanço dos animais, os ingredientes se misturavam, de onde surgiu o nome do prato: “virado”. Era uma refeição muito prática, pois podia ser feita num caldeirão só, com feijão cozido de um dia para outro e consumido com as mãos. A carne de porco em banha era levada nas viagens, e a banana era encontrada no caminho. Quando os viajantes estavam perto das vilas, acrescentavam ovo e couve.
Ingredientes:
4 ovos/ 4 gomos de linguiça/  4 costeletas de porco temperadas com sal,  alho socado, pimenta do reino e suco de 1 limão.
Tutu de feijão:
250 g de toicinho / 1 cebola grande bem batidinha /  2 dentes de alho amassados / 1 folha de louro /3 xícaras de chá de feijão cozido, com o caldo /
sal a gosto / molho de pimenta / 1 xícara de chá de farinha de mandioca
couve refogada:
1 maço de couve / 1 colher de sopa de óleo / 1 dente de alho /  sal a gosto
Modo de preparar:
Tempere as costeletas com sal, pimenta-do-reino, o suco de limão e o alho e deixe descansar nesse tempero por 2 horas. Para fazer o tutu, pique o toucinho em pedaços pequenos e frite em sua própria gordura até que dourem e fiquem crocantes. Retirem os torresminhos e coloque-os para escorrer sobre papel absorvente. Na gordura que restou na panela, refogue a cebola, o alho e o louro. Adicione o feijão, juntamente com o caldo, e mexa com uma colher de pau. Tempere com sal e gotas de molho de pimenta a gosto, acrescente a farinha de mandioca e continue mexendo para obter um tutu bem úmido. Apague o fogo e reserve em local aquecido.
Numa frigideira de fundo largo, vá fritando as costeletas em óleo bem quente até que estejam douradas e crocantes por igual. Lave bem a couve e, usando uma faca afiada, elimine os talos e pique as folhas bem fino. Em seguida, escalde-a e escorra.
Numa panela à parte, aqueça o óleo e frite o alho esmagado, junte a couve e tempere com uma pitada de sal. Tampe a panela e cozinhe por alguns minutos, até que a verdura esteja macia.
Finalmente, frite os ovos e a linguiça. Para servir, arrume as costeletas no centro da travessa, disponha o tutu de feijão de um lado, espalhe os torresmos por cima e coloque couve do outro. Ponha um ovo frito sobre cada costeleta e acrescente os gomos de linguiça. Sirva imediatamente.




Receitas Regionais: Cuscuz Paulista


O Cuscuz Paulista
Alguns pesquisadores atribuem o hábito de comer cuscuz em São Paulo a uma invenção espontânea, assim como ocorreu com o virado. Conta-se que os tropeiros levavam recipientes com farinha de milho com galinha, feijão e outros mantimentos para preparar os alimentos durante as longas viagens. Acontecia que a farinha absorvia o caldo do frango e os ingredientes se misturavam, dando origem ao cuscuz. Outros estudiosos afirmam que os portugueses chegaram ao Brasil já conhecendo o cuscuz, por meio da influência moura. A versão paulista foi resultado da adaptação da receita, usando os ingredientes que tinham à mão. Inicialmente, o cuscuz era uma espécie de farofa que acabou evoluindo para o formato de bolo que nós conhecemos hoje.
Ingredientes
1/2 kg de peixe já limpo, desossado e desfiado / sal / suco de 1 limão/
1 xícara de chá de manteiga/ 4 dentes de alho amassados/ 4 cebolas picadas
4 tomates picados/ 1 xícara e chá de coentro picado/ 1 xícara de chá de cheiro-verde picado / 250 g de polpa de tomate/ 250 g de camarão médio / 1/2 kg de farinha de milho/ 1 1/3 de xícara de chá (200g) de farinha de mandioca/ 1 copo de leite/ 1 vidro pequeno de palmito/ 1 xícara de chá de azeitona preta sem caroço/  1 xícara de chá de ervilha cozida / 2 ovos cozidos /1 lata de sardinha
1 pimentão cortado em tiras
Modo de preparo:
Tempere o peixe com sal e o suco de limão e reserve. Aqueça a manteiga numa panela e refogue o alho, a cebola e o tomate. Adicione o peixe desfiado, o coentro e o cheiro-verde e misture bem. Depois disso, junte a polpa de tomate, deixe refogar por alguns minutos e retire do fogo. Reserve. À parte, ferva o camarão numa panela com água temperada com sal, escorra e reserve. Coloque a farinha de milho numa tigela e esfarele-a com as mãos, para torná-la mais fina. Adicione a farinha de mandioca e o leite e misture bem. Em seguida, junte o refogado de peixe, as rodelas de palmito, a azeitona e a ervilha e mexa com uma colher de pau, tomando cuidado para que esses ingredientes não se desmanchem. Acrescente o camarão escorrido.
Misture tudo e monte o cuscuz no cuscuzeiro da seguinte forma: forre o fundo com rodelas de ovo cozido, tiras de sardinha, camarões inteiros e tiras de pimentão. Em seguida, adicione a massa da tigela, nivele-a e aperte com as mãos. Decore também com camarões e rodelas de ovo cozido as laterais da forma e a última camada do cuscuz. Tampe bem o cuscuzeiro, passe no encaixe um pouco de farinha de mandioca e água para vedar completamente e leve-o ao fogo para cozinhar por uns 40 minutos. Desenforme numa travessa e sirva, quente ou frio.
O cuscuzeiro permite que o alimento cozinhe no vapor. Caso não disponha de um, prepare-o do mesmo modo, mas passe-o para uma forma comum, tampe-a e leve-a ao fogo, em banho-maria. Para servir, vire a forma numa travessa.

Comida Tropeira

Encontro do viajante com tropeiros (imagem Internet)
Segundo  Tom e Thereza  Maia, a comida tropeira é feita apenas pelas mãos dos homens. Na tropa não há mulheres.
“A responsabilidade pelos trens de cozinha é do madrinheiro e se compõem de: 1 caldeirão de ferro com tampa, para o feijão; 1 panela de ferro de três pés, sem tampa, para fritar o torresmo e fazer o arroz; 1 ciculateira (chocolateira) de cobre ou de folha; o coador e sua armação; as xícaras de folha, ferro batido ou canequinhas esmaltadas, a cuia de meia cabaça. Nos vãos, calçados com palha de milho, iam os pratos louçados ou esmaltados, de ágate, as colheres, canecas de estanho e mesmo as lamparinas, com torcida de algodão cru, para o querosene que era levado em garrafas. O feijão, pó de café, farinha de mandioca ou milho, carne de porco, toucinho, sal e açúcar iam no jacá ou saco de munição. Muito usado era o açúcar mascavo, conhecido como barro de telha, o Pernambuco, o mascavinho, o demerara, o mé-de-tanque , que por ser muito úmido ia pingando pelo caminho. Algumas tropas usavam açúcar cristal, e muitas, o açúcar rapadura. Outras levavam até mesmo o arroz.” (Maia Tom e Tereza em: O Folclore das tropas, tropeiros e cargueiros do Vale do Paraiba, Editora Funarte, 1980)

“Pela madrugada, iniciado o dia, o menino armava a trempa e acendia o fogo. Punha o toucinho pra fritar na panela. O caldeirão vinha do outro fogo com feijão cozido, e ficava de um lado, esperando. A ciculateira já estava ali no borralho, aquentando a água. Frito o torresmo era retirado. Repartia a gordura, punha sal com alho nela, fritava, pegava o torresmo com a colher, punha no caldeirão do feijão, amassava bem o feijão com a colher, bem amassado com farinha, punha pra esquentar. Com água já fervendo era coado o café. Essa a comida matinal dos tropeiros. Comiam-na com colher, em prato de ágate, tomando o café nas canequinhas. Enquanto comiam, era cozido no fogo o feijão sem tempero, para a próxima refeição.”  (Maia Tom e Tereza, idem)

“Café sem coador: Póe água pra fervê com açúca mascavo, demerara  ou cristar. Bota o pó ai junto. Quando subi a fervura, joga um tição de fogo dentro. O pó baixa e o café tá pronto.”  (Maia Tom e Tereza, idem)



sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014


Dr. Pompílio Mercadante

Esta foto  faz parte do livro Retalhos da Memória de  Lencioni, B.S.  pag 223 com a legenda:
As filhas: Zilah, Yara, Magda ( da esquerda para a direita) e Thais, com os pais Elvira e Dr. Pompílio
Recebi de um leitor, o pedido de escrever alguma coisa sobre o Dr. Pompílio Mercadante. Infelizmente eu não o conheci, pois vim morar em Jacareí em 1965, e ele faleceu em 1950, mas sua memória permeia os relatos de todos os que aqui viveram em sua época e privaram de sua amizade. Publico, a seguir, sua breve biografia, trechos de um capítulo do livro escrito por sua filha Magda Mercadante Esper, Corumbeba, comentado em outro volume: Retalhos da Memória de Benedicto Sérgio Lencioni (JAC Editora 1999.) Publico também as lembranças  sobre este notável médico jacareiense publicadas em meu livro: Jacareí tempo e Memória. Os leitores que tiverem mais informações sobre Dr. Pompílio, e quiserem partilhar, por favor, me enviem e eu publicarei com a maior alegria!

sábado, 8 de fevereiro de 2014


A Revolução de 32 pelas lembranças do Sr. Antonio Guedes Filho



1932 -Símbolo do tatú, dos combatentes do túnel

O famoso trem blindado dos paulistas na Revolução de 32
Ninguem mais em Jacareí parece simbolizar os ideias constitucionalistas de 1932, do que ele. O Sr. Antonio Guedes Filho, pela quinta vez presidente do MMDC local, é um acervo vivo da revolução. Com a empolgação de quem não se conforma com o esquecimento que aos poucos vai sendo relegado, ele narra episódios vividos e mostra jornais antigos, velhas fotos e diplomas, alem das medalhas adquiridas ao longo de sua vida dedicada ao culto dos que morreram na Revolução. Entre as relíquias documentais ele tem uma lista de convocações feita por determinação do Cel. Euclydes de Figueiredo, ( pai do ex presidente da República João Baptista Figueiredo). E guarda um rancor: "Perguntei, uma vez, a um soldado PM se ele sabia que data comemorava no 9 de julho, e ele não soube responder. O mesmo vem acontecendo com os jovens" frisou com tristeza.

A Revolução de 32 pelos relatos do Sr. Odilon Augusto de Siqueira


Prédio da Pharmacia Popular de Rodolpho Augusto de Siqueira, pai do Sr. Odilon
Sr. Francisco Antunes da Costa, prefeito de Jacareí em 1932
Sr. Odilon Augusto de Siqueira

A memória da Revolução de 32 ainda está bem nítida para o Sr. Odilon Augusto de Siqueira, farmacêutico e prefeito de Jacareí nos anos 30 e 40."Durante a Revolução de 32, Jacareí foi ocupada militarmente e a vida rotineira da cidade sofreu rápidas transformações" afirmou. "Toda a população se irmanou, coesa, para a vitória da revolução. Jacareí se tornou parada de tropas que vinham por trem e por estrada de rodagem. Construimos depósitos de mantimentos e remédios e alojamentos. Uns 3.000 soldados passaram por Jacareí na época".

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014


"Revolução, só quando o povo participa"


Foto do album de família, cedida por Neta Mello)
23 de Maio de 32, Aglomeração Popular na  Praça do Patriarca  - São Paulo

Para o prof. José Luiz Pasin, a revolução Constitucionalista de 32 pode ser vista por dois ângulos: sob a ótica da participação e do sentimento popular em relação a ela e por sua colocação no quadro da historia brasileira contemporânea. No primeiro aspecto houve uma revolução de verdade, com a participação efetiva do povo, com toda a sociedade mobilizada para defender São Paulo.Nenhum setor da sociedade civil recusou-se a participar do esforço de guerra, propiciando uma organização perfeita, na produção de uniformes, fornecimento de alimentos. A tática militar também foi perfeita, mas São Paulo ficou isolado, porque Minas Gerais e Mato Grosso prometeram apoio e falharam. Sob o ponto de vista da historia brasileira contemporânea, a Revolução de 32 representa uma continuidade do processo de insatisfação popular que vinha desde 1928, passando pelo tenentismo, Coluna Prestes, a Semana da Arte Moderna de 22 "que pode ser entendida como uma tentativa vagamente ideológica de reforma das estruturas". 24, 26, e culminando na Revolução de 30, quando Getúlio Vargas assume o poder, alijando dele a oligarquia paulista que se revezava com os mineiros na chamada política do "café com leite". Washington Luiz, então presidente da República, ao invés de apoiar um mineiro para sucedê-lo, como era feito tradicionalmente, apoia outro paulista: Júlio Prestes, que se elege com grande maioria, e alegando fraude,  Getúlio Vargas dá o golpe, assumindo o poder. O regime instaurado por Getulio embasou-se em uma visão nacionalista de direita, sem chegar, no entanto, a incorporar o discurso integralista. O que deu motivo à Revolução de 32 foi a necessidade levantada pelos paulistas, do Brasil tornar a ser regido por uma Constituição, como se se vê em todos os panfletos  e literatura em geral da época. Este apoio levou o povo de São Paulo à luta armada, que, se vencida, daria oportunidade à oligarquia agrária paulista de retomar o poder e, com ele, o prestígio perdido em 30, com a subida de Getúlio ao poder. (Revista VP - Documento - 9 de julho de 1981)

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014


Gal.Euryale de Jesus Zerbini rememora a Revolução de 32 - final

população acompanhando a chegada dos restos mortais dos heróis de 32 a Jacareí
população acompanhando a chegada dos restos mortais dos heróis de 32 a Jacareí


A Juventude está esquecendo"Segundo afirmou o gen. Zerbini "a juventude parece estar esquecendo até quem foi Jânio Quadros. Até isto está esquecendo, quanto mais a Revolução de 32 que está fazendo 50 anos de existência ! Então sobraram os tambores de 32, que estão se afastando cada vez mais atrás dos morros. Ficou apenas o sentido de uma epopéia. Seria muito bom que a mocidade, que é a mesma que se sacrificou em 1932, pois a história se repete, lembrasse pelo menos.
Eu me lembro sempre do meu ordenança que tinha 16 anos na época e que eu enterrei em Cunha e, depois de muitos anos, eu desenterrei e trouxe de volta para São Paulo, para o Mausoléu do Ibirapuera. E ele não se furtou, coitado, esteve sempre participante, em todos os momentos da revolução, até morrer..”.
Explicou o general Zerbini que "a conspiração dos paulistas em torno de uma Constituição já começou em 1930 na batalha que não houve, a de Itararé", contra a Aliança Liberal Getulista em que saiu-se vencedor o general Góis Monteiro. "A decepção foi tão grande que os paulistas, já naquela época, conspiravam para pôr fim a uma série de coisas que, desembocaram em 32, com o levante dos paulistas", afirmou. Seria diante do mesmo general Góis Monteiro, comandante do Exército que a tropa de Zerbini deporia, "de forma honrosa", as armas, rendendo-se ao governo. Isto se deu nas proximidades de Cachoeira Paulista, em outubro de 1932. Várias vezes, ele se emocionou no seu relato, destrinchando os fios da memória. Depois da rendição, esteve preso no Rio de Janeiro, na Ilha das Cobras, na Ilha Grande, sucessivamente, até que veio a anistia e ele foi promovido a capitão.

Gal.Euryale de Jesus Zerbini rememora a Revolução de 32 (parte II)

Entrevista do Gal Zerbini, dada ao jornalista Edvaldo Ribeiro de Oliveira,
 no caderno especial do jornal Valeparaibano, em edição de 5 de julho de 1981
General Zerbini:
“...foram 120 dias de luta, chuva, sol, solidão, noites sem dormir, revolta e morte...)
 - “Os dias que estamos vivendo fazem parte de um processo que começou em 1922, com a revolta tenentista dos “18 do Forte de Copacabana” e que veio a desembocar em 1964. Os dias atuais estão se parecendo muito com aquele tempo. A Nação ainda não se identificou consigo própria. Ainda não temos uma Constituição. Temos uma Constituição doada e imposta que, de tão modificada para fins casuísticos, já está deformada. Da mesma maneira que em 32, apesar de derrotada, a Revolução gerou uma Constituinte e uma Constituição, o que está faltando agora é uma anistia, que já foi dada, mas que está faltando desembocar numa Constituinte e numa Constituição. Só assim se pacificará o estado de ânimo da Nação Brasileira.”

Gal. Euryale de Jesus Zerbini rememora a Revolução de 32


Foto do Gal. Euryale de Jesus Zerbini, cedida por Eloisa Nascimento
O General Zerbini, como era carinhosamente chamado por todos nós, jovens que tivemos o privilégio e a honra de sermos seus amigos, era um homem admirável, acessível, sempre bem- humorado e, o mais importante: disponível para nos receber em seu apartamento, na sede da Indústria de Papel Simão (hoje Fíbria) quando o visitávamos, para longos bate- papos. O General tornou-se o diretor-administrativo da Papel Simão, em agosto de 1964, após ter sua “patente militar” caçada pelo golpe militar. Sempre na companhia de seu cão,  “Cara de Cavalo”, o General era uma fonte inesgotável de conhecimentos, que, generosamente partilhava conosco: jovens ávidos por entender, afinal, o que o Golpe Militar pretendia. Mas não era apenas sobre política que dialogávamos. O general adorava conversar sobre teologia, filosofia (não cansava de citar o filósofo Merleau Ponty), teatro, música (era grande conhecedor e admirador de óperas). Conhecia como poucos os meandros da Revolução de 32, quando serviu como Primeiro Tenente no destacamento que lembrava, com orgulho, ser o de “vanguarda da Revolução”.
Eu era muito jovem à época, casada, com filhos pequenos, assim, não podia  me estender nas visitas pelo tempo que gostaria, mas meus amigos, dentre eles, Tião Virgilino, Edvaldo Ribeiro de Oliveira, Paulinho Lemos, Godoy, dona Alba Giorgio (mãe da Nídia Natali) entre outros, adentravam a noite em conversas intermináveis, permitindo assim, inúmeras idas e voltas ao bairro de São Silvestre.
Edvaldo Ribeiro de Oliveira, jornalista, na época trabalhava como repórter e, por sua proximidade com o General, recebeu a missão de entrevistá-lo para um Caderno Especial editado pelo Jornal Valeparaibano, em 1981, intitulado: Revolução de 32: a participação do Vale.

Na próxima postagem vou transcrever para vocês a entrevista, com texto de Edvaldo. Não percam!

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014


1932 - A Revolução Constitucionalista em Jacareí

Soldados Constitucionalistas - Jacareí- foto do acervo de Jairo Faria
Tunel da Mantiqueira
Ninho de metralhadora anti aérea na Frente Norte. Foto do blog tudoporsaopaulo 
Missa no Tunel, Foto do blog tudoporsaopaulo
6o. RI de Caçapava. Foto blog tudoporsaopaulo
Soldados Constitucionalistas de Lorena.  Fotos blog tudoporsaopaulo

1932 – A Revolução Constitucionalista em Jacareí
9 de julho – Irrompe a Revolução
A notícia da Revolução Constitucionalista, iniciada em São Paulo, espalha-se  rapidamente por todo o país. Jacareí também se prepara. Francisco Antunes da Costa, prefeito municipal, tão logo recebe a confirmação da notícia, reúne-se com o comandante da Força Pública para tomar as primeiras providências:  alistamento de voluntários para as Forças Constitucionalistas e instalação de postos sanitários e de abastecimento para o exército paulista.
Presidem o movimento o Dr. Paulo de Oliveira Costa (Juiz de Direito), Francisco Antunes da Costa (Prefeito Municipal), Dr. Armando Azevedo (Promotor Público), Dr. Luís Tavares da Cunha (Delegado de Polícia), Antonio Martins de Oliveira e Pedro Ribeiro Moreira. No primeiro mês, alistam-se 174
 (cento e setenta e quatro) voluntários, dos quais 104 são enviados, imediatamente, para frente de batalha. A população também se mobiliza: os alfaiates, liderados por Romeu de Barros passam a reunir-se nos grupos escolares para a confecção de fardas. Criam-se as Ligas Pró- Soldados que recebem da população e enviam para as frentes de batalha os donativos recebidos: alimentos, agasalhos, medicamentos, munição e armas.